O JURAMENTO DE HIPÓCRATES, A ÉTICA MÉDICA E A BIOÉTICA
Apresentação do dia 06 de outubro de 2017 em Belo Horizonte, no 14º Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 4º Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência.
Tive a oportunidade de falar um
pouco sobre o Juramento de Hipócrates, a Ética Médica, a Bioética e a
identidade de um bom médico recentemente, no Congresso Brasileiro de Clínica
Médica em Belo Horizonte, no dia 06 de outubro de 2017.
A platéia presenta continha
aproximadamente oitenta estudantes de medicina de diversas instituições[1]
e médicos de diversos lugares do Brasil. Foi muito bom rever também alguns que
foram alunos e hoje são colegas formados, como o Jackson, que participou do primeiro
ciclo do SEFAM em 2012, e alunos que mudaram para outras instituições de ensino
no decorrer da carreira acadêmica. Belo Horizonte ficou com a cara de Colatina
ao ver também tantos alunos do UNESC participando do evento, interagindo nas
palestras e exibindo trabalhos.
As perguntas durante a palestra foram
bem instigantes, e poderiam render diversas outras apresentações. Além das
curiosidades típicas do Juramento de Hipócrates e de seu contexto antigo e
contemporâneo, colegas e alunos perguntaram a respeito do papel da Bioética na
identidade atual do médico e a respeito dos atuais desvios éticos na medicina;
perguntaram sobre Van Potter e o surgimento da Bioética e sobre como humanizar
o médico.
Foram lembradas as situações
humilhantes e desnecessárias que tantas vezes ocorrem na medicina ao invés do
elo de respeito e profunda amizade entre mestres e aprendizes que se observa na
ética tradicional e discutimos o que é ser corporativista e elitista no bom
sentido.
Falamos sobre a preocupante experiência
com a eutanásia, o aborto e o suicídio assistido nos países baixos, e como o
Conselho Federal de Medicina já tentou aprovar certas medidas nada populares
anteriormente.
Os aspectos mais básicos da ética
hipocrática foram ressaltados, e alguns espantalhos, como o paternalismo
hipocrático, foram discutidos e contextualizados.
O ponto em que todos concordaram,
provavelmente, foi o da percepção que dias difíceis chegaram para a medicina de
qualidade no Brasil. Dias de submissão profissional a planos políticos e dias
de massificação e perigosa mediocrização da profissão.
O tempo à frente não é fácil,
vivemos os piores dos dias, e vivemos os melhores dos dias, em diferentes
perspectivas. Há uma crise instalada e outra a caminho, que poderá mudar
irremediavelmente a identidade do médico brasileiro e remexer a nossa qualidade
profissional.
Nesse cenário desafiador, antigos
lembretes devem ser resgatados. Martin Luther King Jr. disse com muita
propriedade que o problema não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.
Também disse que no final, não nos lembraremos das palavras de nossos inimigos,
mas do silêncio de nossos amigos. Somos chamados à coragem justamente nesses
tempos de grande crise, e somos desafiados a resgatar o que há de melhor na
identidade da nobre profissão médica.
Que os médicos ousem dedicar-se a
manter acesa a chama da profissão médica e a transmitir aos mais novos o que de
melhor recebemos de nossos predecessores. Que médicos exemplares dividam sua
prática não somente com os pacientes, mas com a nova geração que precisa de
bons exemplos. Negligenciar essa necessidade é trair os altos ideais
profissionais que, por milênios, fizeram a medicina ser uma amada e respeitada
profissão.
Que nós não possamos ser exemplos
do conhecido poema de William Butler Yeats: “The best lack all conviction,
while the worst are full of passionate intensity”. Sejamos os melhores, e
sejamos intensos em nossa busca pela excelência e pelo bem do próximo.
Hélio Angotti Neto.
07 de outubro de 2017, Colatina –
ES.
[1] Havia
alunos da UVV, UNIFESO, Multivix, UNICSAL, UFAL, UEL, UFOB, FASA, UEPA, UNIPAM,
UNOESTE, UFJF-GV, UFJVM e do UNESC.