terça-feira, 17 de novembro de 2015

Programação da Oficina de Formação Política

Oficina de Formação Política - III Seminário de Humanidades Médicas do UNESC e I Seminário de Humanidades Médicas da UFES



sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Profa. Márcia de Cássia Cassimiro: palestrante do Seminário de Humanidades Médicas

Dignidade humana e conflito de interesses nos ensaios clínicos na obra "O Fiel Jardineiro”




Capes Split PhD Scholarships Program, 2015 (Bolsista Capes no Programa de Doutorado Sanduíche na Europa). Doutoranda em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Área de concentração: ética e Filosofia Política, Linha de pesquisa: fundamentação da Ética. 

Membro dos seguintes grupos de pesquisas: Filosofia e Interdisciplinaridade, e Filosofia Sistemática: dialética e Filosofia do Direito, ambos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Pesquisadora Visitante do Instituto de Bioética da Universidade Católica Portuguesa (2015). Mestre em Saúde Coletiva, pelo Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ/IESC (2010). 

Servidora Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-RJ), lotada na Vice Diretoria de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Instituto Oswaldo Cruz-IOC/FIOCRUZ. 

Docente e Coordenadora da Disciplina Bioética, em diversos Programas de Pós-Graduação Stricto sensu e do Curso Técnico de Nível Médio em Biotecnologia (CTB/IOC/Fiocruz). 

Membro do Grupo de Trabalho (GT) Biobanco da Fiocruz (Portaria n° 1228/2014-PR, de 07.11.2014). 

De maio a novembro de 2011, com bolsa concedida pela UNESCO cursou o VI Curso de Ética de la Investigación en Seres Humanos, do Programa de Educación Permanente en Bioética, da Redbioética UNESCO. 

Áreas de Interesse: Bioética; Integridade Científica; Política científica; Ética em Pesquisa com Seres Humanos. 

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

THE HEART OF A TRUE PHYSICIAN

Religião, Virtude e Medicina: meditações na Carta aos Romanos para Médicos

A convite do Programa de Humanidades Médicas estarei em fevereiro na Universidade de Baylor no Texas, Estados Unidos, tratando da essência do que é ser médico.

Saiba mais sobre o Programa de Humanidades Médicas da Baylor em: http://www.baylor.edu/medical_humanities/ 

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Entrevista

A Importância das Humanidades Médicas na Formação do Médico

Entrevista cedida a Davi Vieira, do Grupo de Estudos em Humanidades Médicas John Locke, da PUC-SP.



GELocke: Em primeiro lugar, nós do GELocke gostaríamos de agradecê-lo por aceitar nosso convite para esta entrevista. Como surgiu o seu interesse pelas Humanidades Médicas, e o que o fez criar o Seminário de Filosofia Aplicada à Medicina?
Obrigado pelo convite!
O interesse nas Humanidades Médicas surgiu por uma confluência de diversos fatores.
Primeiro, começava a travar na época um contato mais próximo com meus pacientes, durante a residência, e assumia responsabilidades maiores pelo próximo, o que sempre estimula a maior reflexão.
À época, também conheci a obra filosófica de Olavo de Carvalho, que despertou o interesse pela área de Humanidades e me levou ao estudo de diversos outros filósofos e campos do saber, incluindo história, ética, psicologia, teologia e literatura.
Fortalecer minha fé também permitiu questionar com profundidade o sentido de minha profissão e o quão importante e valoroso era buscar o significado de tudo o que fazia, para mim e para o paciente que necessita de auxílio.
No decorrer dos estudos humanísticos, que se iniciaram aproximadamente em 2004, tive a oportunidade de ler Platão, Aristóteles, Hipócrates, Louis Lavelle, Diego Gracia, Xavier Zubiri, Eric Voegelin, Mário Ferreira dos Santos, Agostinho, João Calvino, Tomás de Aquino, José Ortega y Gasset, Pedro Lain Entralgo, Julián Marías, Viktor Frankl e vários outros.
Conforme estudava e vivia a prática médica, também percebi a falta que os estudos humanísticos de qualidade faziam à medicina. Quando muito, o acadêmico (inclusive eu em minha graduação) recebia o que agora denomino “marmita sociológica pop pseudointelectual”, uma vulgarização do que deveria ser o conhecimento humanístico, uma peça ideológica muito longe da verdadeira reflexão filosófica.
Em 2012, na qualidade de professor de medicina, resolvi fazer minha parte para mudar o cenário e montei o SEFAM (Seminário de Filosofia Aplicada à Medicina). Meu objetivo era partilhar o que aprendera e prosseguir na busca de conhecimentos humanísticos úteis aos médicos e aos pacientes. Desde então sonho em formar novos estudiosos, novos médicos com bagagem cultural suficiente para trilharem seus próprios caminhos e enriquecerem a cultura médica em novas direções sem perderem suas raízes milenares.
Foi no SEFAM que comecei também a aprofundar os estudos na obra de Edmund Pellegrino - o pai da Ética Médica contemporânea, quase que completamente desconhecido no Brasil – e dos originais hipocráticos, iniciando uma de minhas linhas de pesquisa.
Como metodologia para o SEFAM, utilizei a Teoria Aristotélica dos Quatro Discursos elaborada por Olavo de Carvalho, iniciando com a formação cultural geral e literária, avançando pela retórica e pelas regras de argumentação, para enfim exercitar a dialética e a lógica, afinando o discurso e o pensamento durante dois ou mais anos. O SEFAM também trata de diversos outros assuntos, e é um pouco imprevisível na medida em que abordamos temas de interesse dos participantes. Podemos começar falando de metafísica aristotélica e terminar em economia, política e saúde, por exemplo.
Desde o começo, a grande preocupação era agregar pessoas verdadeiramente interessadas em crescer, refletir e aprender. Jamais foram enfatizados títulos, notas ou certificados. Felizmente tais pessoas motivadas apareceram e, embora poucas, tenho certeza que brilharão no futuro e, se Deus quiser, serão muito melhores do que consegui ser.
Hoje o SEFAM caminha bem, com um livro publicado (A Morte da Medicina), um trabalho premiado em Congresso Brasileiro e diversos outros apresentados em congressos de nível nacional e internacional, artigos acadêmicos publicados em revistas nacionais e internacionais, um segundo livro em edição e mais dois em elaboração, três iniciações científicas concluídas e dois convites para palestrar nos Estados Unidos e aumentar o intercâmbio cultural. Também estamos na terceira edição do Seminário UNESC de Humanidades Médicas e este ano ajudamos a organizar o I Seminário UFES de Humanidades Médicas. Com menos de quatro anos de existência o SEFAM foi muito mais longe do que eu pensava. E o melhor de tudo: estamos perto de concluir o ciclo de uma segunda turma do SEFAM!

GELocke: Qual é a importância das Humanidades na formação do médico?
A Medicina é uma maravilhosa Arte. Como toda arte, produz algo único, assim como é único cada ser humano e cada situação que vive. Mas a Medicina também utiliza a ciência e a tecnologia, amparada pela evidência estatística. Essa combinação só é eficaz se somarmos a experiência e prudência de um agente humano. Nenhum desses componentes pode faltar.
O médico precisa da ciência e da tecnologia para tratar com eficiência. E precisa das humanidades para ser ele mesmo um agente terapêutico, para gerar o famoso efeito placebo do médico. Precisa também das humanidades para se comunicar de forma eficaz e para sentir na pele o que o paciente sente, ter a tão necessária empatia que vem com a experiência de vida e com o caráter virtuoso.
É curioso notar que, ao longo da história, quando o médico mais cuidou de seu lado humanístico e, entenda-se, da ética profissional, de seu próprio caráter e de sua excelência, ele gerou maior confiança e satisfação em seus pacientes.
Por outro lado, mesmo dotada de incríveis aparatos tecnológicos e estatísticas extremamente complexas unidas à metodologia de pesquisa, a medicina contemporânea falha em satisfazer o paciente.
Medica-se! Porém não se “cuida” do paciente e, às vezes, nem de si mesmo.
As Humanidades Médicas complementam a Arte Médica. Dão profundidade, experiência, riqueza de emoções, compreensão e comunicação ao médico. E acima de tudo, potencializam o bem que pode ser feito ao paciente em necessidade.
E é claro que estudar humanidades é algo divertido, um fim em si mesmo. Como não apreciar a leitura dos clássicos? Como não se surpreender com os efeitos terapêuticos da música de qualidade em nosso espírito? Como não encher os olhos e a mente com a boa pintura? Como não meditar na profundeza das Escrituras e dos textos filosóficos?

GELocke: O nosso grupo tem como patrono o filósofo inglês John Locke. O que pensa a respeito de Locke e da tradição liberal britânica?
O pouco que sei disso deriva principalmente da obra de Roger Scruton, e de alguns volumes de história da filosofia (Giovanni Reale, Frederick Copleston, Olavo de Carvalho e Julián Marías). Julgo que ainda não estudei o suficiente para opinar a respeito de John Locke (não li seus livros) e da tradição liberal britânica com qualidade, embora a princípio não concorde com a idéia de não termos idéias inatas e considere que o liberalismo funciona muito bem somente quando se tem valores culturais bem estabelecidos e de boa qualidade.

GELocke: Recentemente, realizamos nosso primeiro evento, o I Ciclo de Palestras "Bioética".  Qual é a importância da Bioética, e quais são os tópicos que mais despertam o seu interesse na área?
Em primeiro lugar é importante ressaltar que não podemos falar da Bioética, mas de muitas bioéticas, com muitas ênfases e muitas perspectivas. Temos escolas de pensamento utilitaristas, escolas baseadas em princípios ou virtudes, escolas secularistas ou religiosas, escolas liberais ou marxistas, escolas feministas etc.
A Ética Médica é uma forma de bioética especializada. Mas também gostaria de lembrar que o termo bioética ganhou destaque há menos de meio século, enquanto que a Ética Médica já é discutida há mais de dois milênios.
Os temas que despertam meu interesse em bioética incluem o valor da vida humana e sua dignidade, o aborto e a eutanásia, a história da ética médica e da medicina ao longo dos séculos, a filosofia da medicina e a teologia aplicadas a questões éticas e a interface entre política, cultura e saúde. Por gostar de Medicina Baseada em Evidências e fazer parte de um Comitê de Ética em Pesquisa, acabo lidando também com Filosofia da Ciência, Metodologia Científica e Ética em Pesquisa, assuntos extremamente interessantes e importantes.

GELocke: Para maior aprofundamento nos tópicos relacionados à Bioética, quais leituras o senhor sugere?
Há enciclopédias, manuais e tratados de grande abrangência, e há livros sobre temas específicos. Depende muito do que se busca.
O primeiro conselho que posso dar é ir às fontes. Ler artigos é necessário, mas sem bagagem cultural e muitos livros, nada feito.
Quer saber como Edmund Pellegrino abordou a ética em saúde? Leia os livros de Pellegrino e tire suas conclusões.
Quer tecer críticas a respeito do principialismo? Leia os Princípios de Ética Biomédica e assista aos cursos online da Georgetown University (principalmente as aulas do Beauchamp).
Quer saber o que os religiosos pensam a respeito da Bioética? Leia Fundamentos da Bioética Cristã Ortodoxa (Tristram Engelhardt), Ética Cristã (Norman Geisler), a série publicada pela Editora Cultura Cristã e os dois volumes do Manual de Bioética (Elio Sgreccia). Isso só para falar dos Cristãos, sem tocar na Bioética judaica, islâmica ou oriental.
Quer entender a Ética Médica tradicional? Leia Hipócrates, Galeno, William Osler, Thomas Percival e outros antigos, medievais, modernos e contemporâneos de destaque.
Quer descobrir a fantástica trajetória da bioética e da Ética Médica? Leia Diego Gracia e Albert Jonsen.
E se alguém deseja abordar um problema, pesquise opiniões, artigos e livros de várias perspectivas, contrárias e favoráveis. Deixe correr um pouco de tempo enquanto acumula diferentes experiências e conhecimentos. In tempus veritas. Abstenha-se de emitir opiniões por um tempo enquanto ganha profundidade. Mantenha-se informado: a realidade e a experiência concreta das pessoas envolvidas é crucial. Para sair o meu primeiro artigo de bioética e meu primeiro livro foram quase dez anos de estudo sobre um tema; e ainda acho que poderia ter estudado mais.
Edmund Pellegrino dava outra dica importante. Não há como estudar Bioética sem estudar as Humanidades Médicas. E não há como estudar Humanidades sem apelar à Filosofia. E como compreender o ser humano sem compreender sua fé, seus valores, sua cosmovisão? Como consolar sem saber qual o sentido da existência de seu paciente? O bom médico que pretende refletir sobre a vida humana e a bioética apelará inclusive para a sabedoria dos textos sagrados e da Teologia.
Não há atalho. Há somente a perspectiva de uma vida de busca e intensos estudos.

GELocke: Nesse mesmo evento, uma das palestras tratou da teologia asclepíade em Hipócrates. Qual é a relevância de Hipócrates na história da medicina, e como seus ensinamentos ecoam na medicina contemporânea?
Hipócrates foi uma figura de grande carisma que nomeou toda uma escola incluindo uma linhagem de médicos que herdaram concepções religiosas de Pitágoras. Na extensa obra assinada com seu nome são demonstrados os fundamentos morais da Medicina - que considera o ser humano digno – e a busca pela virtude pessoal. Há um compromisso pessoal com a busca por uma vida compatível com tão nobre missão. É com a escola hipocrática e sua descendência também que o médico surge como profissional (professando valores), destacado do ofício religioso propriamente dito, porém sem tornar-se destituído do sentimento religioso.
A ética hipocrática é tão rica e possui elementos tão universais que foi inclusive absorvida pela cristandade primitiva e medieval.
Obviamente é necessária uma contextualização de qualquer ética prévia. Os tempos mudam sempre, com suas tecnologias e ciências, mas seu elemento de universalidade e seu conteúdo humanístico persiste, e permite ao estudioso ler Hipócrates e obter insights valorosos para a prática médica contemporânea.
GELocke: Muitíssimo obrigado, professor!

Novamente agradeço o convite. Sucesso a todos vocês, e não desistam de lutar por uma Medicina cada vez mais completa, mais científica e mais humana!

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Oficina de Formação Política está pronta!!!

A Oficina de Formação Política está pronta!

E os temas serão muitos.

Alguns esclarecimentos se fazem necessários:

- Não é um curso de Ciência Política, mas sim de formação política com forte ênfase em estratégia, filosofia e história;

- O curso é primariamente devotado aos profissionais da área da saúde, mas pode ser aproveitado por qualquer um que esteja interessado no tema;

- Uma das finalidades é criar um grupo de pessoas honestas e dedicadas ao estudo sério e à pesquisa do tema.

Inscrições na Primeira Oficina podem ser feitas conforme orientação abaixo:

Depoimento: Pâmela Nascimento Simoa da Silva

Depoimento - Primeira Turma do SEFAM (2012-2013)



Digo sem dúvidas que divido os meus conhecimentos em antes e depois do SEFAM. Aprendi com o professor Hélio Angotti Neto a pensar criticamente e a "sair da caverna" à procura da Verdade. Alta cultura, filosofia, discussão de artigos científicos, medicina baseada em evidências, história (a que não é contada pelos livros do MEC), literatura, humanidades médicas e atualidades. Uma mistura de tudo isso e muito mais levaram a mim e a meus amigos que também participaram a pensarmos grande.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Prof. Ms. Helvécio de Jesus Júnior: palestrante do Seminário de Humanidades Médicas

Relações Internacionais e Dignidade Humana



Graduado em Relações Internacionais pela Universidade Vila Velha (2005), Mestre em Relações Internacionais - Instituto de Relações Internacionais - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2006). Doutorando em História pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). 

Atua na área de Relações Internacionais, principalmente nos seguintes temas: Segurança Internacional, Geopolítica, Teorias de Guerra e Paz e Teoria das Relações Internacionais. 

Atualmente é professor dos cursos de Relações Internacionais e Economia na Universidade Vila Velha, ES (UVV).

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Sugestão de Leitura: Células-Tronco, Promessas e Realidades

Células-Tronco, Promessas e Realidades



Quando o assunto é Células-Tronco (CT), e ainda por cima quando se fala do tipo embrionário, a polêmica sobre a dignidade da vida humana se acende. E junto com a polêmica, também se acendem fortes esperanças de cura, regeneração ou até mesmo de imortalidade, numa estranha mistura entre escatologia religiosa, materialismo e progressismo científico (confira uma breve palestra sobre as expectativas quase religiosas de certos ramos da bioética em: https://www.youtube.com/watch?v=T6h1jyqdaZI ).

Até mesmo as graves suspeitas ou falhas da conduta ética em pesquisa, como aquelas evidenciadas pelas gravações com funcionários da Planned Parenthood, podem ser menosprezadas quando o que está em questão é a esperança quase escatológica em um hipotético sucesso das pesquisas com CT (http://www.medicinaefilosofia.blogspot.com.br/2015/09/espantalhos-nazistas-e-coerenciaetica.html).

Recentemente li uma entrevista muito realista, sem ser pessimista, acerca das reais expectativas e conquistas do uso de CT adultas e embrionárias na revista Ser Médico, do CREMESP, cedida pela Professora Lygia da Veiga Pereira, chefe do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias do Instituto de Biociências da USP. 

Da entrevista fui ao livro.

O livro, numa linguagem muito acessível ao leigo e ao médico ou pesquisador não especialista, trata das origens e modalidades da pesquisa com células-tronco. Também trata das (grandes) expectativas e dos (poucos) resultados concretos alcançados quando se fala de aplicabilidade à clínica. 

No fim do livro, a autora toca num perturbador tema da atualidade: o comércio inadequado e cientificamente reprovável de terapias milagrosas com CT em clínicas suspeitas e os graves danos já causados a algumas pessoas vítimas de terapeutas inescrupulosos que se aproveitaram da imensa expectativa depositada nos ombros de cientistas e médicos (como descreve o artigo "Donor-Derived Brain Tumor Following Neural Stem Cell Transplantations in an Ataxia Telangiectasia Patient", disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2642879/ ).

Dra. Lygia não deixa de demonstrar sua empolgação em trabalhar na vanguarda da pesquisa médica, mas também consegue de forma muito sóbria demonstrar que o trabalho a ser feito ainda é grande, e que a velocidade das descobertas utilizáveis diretamente na terapia com seres humanos pode não corresponder às expectativas.

Lembra que: 

"Apesar da urgência dos pacientes para que as terapias com Células-Troncos comecem logo a ser oferecidas, o desenvolvimento científico sério deve ser feito de forma absolutamente responsável, para não submetermos essas pessoas a riscos desnecessários."

É fato que a pesquisa séria é lenta, e que os seres humanos diferem muito entre si, sendo extremamente complexos e respondendo de formas muito particulares a determinados estados de saúde ou terapias. 

É fato também que mesmo com a aprovação do uso de CT Embrionárias em pesquisas, ainda há polêmica entre diferentes setores da sociedade, como a própria autora lembra em seu livro. A autora repete a pergunta que muitos se fazem quando pesquisas são feitas com embriões: "Que formas de vida humana nós permitiremos violar?" 

Explica que a vida já pode ser violada em algumas situações, porém comete uma imprecisão ao dizer que "nesses casos (feto resultado de estupro ou feto que representa risco à gestante) o aborto é legal". Na verdade o aborto não pode ser denominado "legal" em nenhum caso; o que há é a não punição dos abortos realizados em tais situações de grande sofrimento.

No geral, é um bom livro para aqueles interessados em conhecer um pouco mais acerca da pesquisa médica e das expectativas da emergente Terapia Celular.

Hélio Angotti Neto
Coordenador do SEFAM
www.medicinaefilosofia.blogspot.com.br


segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Prof. Ms. Leonardo Serafini Penitente: Palestrante do Seminário de Humanidades Médicas

A Dignidade do Feto e da Criança na Cristandade


Mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (2006), especializado em Direito Público pelo Centro Universitário do Espírito Santo, aperfeiçoamento em Direito Processual Civil pela Universidade Cândido Mendes. 

Atualmente é professor na Universidade de Vila Velha (UVV). 

Ocupou o cargo de coordenador adjunto do curso de Direito da Universidade de Vila Velha. 

Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Filosofia, Sociologia, Teoria do Estado e Ciências Políticas. 

Ministra aulas, desde 2003, de Filosofia Geral, Filosofia do Direito, Sociologia Geral, Sociologia do Direito, Hermenêutica Jurídica e Direito Penal. 

Em 2003 inicia suas atividades na advocacia e hoje advoga com ênfase na área criminal.


sábado, 26 de setembro de 2015

Prof. Dr. Ricardo da Costa. Palestrante do Seminário de Humanidades Médicas

A Morte em São Tomás de Aquino
Prof. Dr. Ricardo da Costa



Graduado em Bacharelado e Licenciatura em História (1993), mestre e doutor em História Social pela UFF (1997 e 2000), com dois Pós-Doutorados em História Medieval e Filosofia Medieval pela UIC (Universitat Internacional de Catalunya, Barcelona, 2003 e 2005). 

Professor Associado IV do Departamento de Teoria da Arte e Música da UFES. 

Professor Efetivo do Programa de Doctorado Internacional Transferencias Interculturales e Históricas en la Europa Medieval Mediterránea da Facultad de Filosofía y Letras da Universitat d Alacant (UA-Espanha) e dos Programas de Pós-Graduação em Filosofia (PPGFil) e Artes (PPGA) da UFES. 

Acadèmic Corresponent da Reial Acadèmia de Bones Lletres de Barcelona, Espanha (15-12-2005). 

Membro de CAPIRE - Colectivo para el análisis pluridisciplinar de la Iconografía religiosa europea da Universidad Complutense de Madrid (UCM). 

Líder do Grupo de Pesquisa do CNPq "Arte, Filosofia e Literatura na Idade Média". 

Membro de IVITRA (Institut Virtual Internacional de Traducció), da Universitat d'Alacant (Espanha), do Grupo de Trabalho "Filosofia na Idade Média" da ANPOF e do "Principium" (Núcleo de Estudo e Pesquisa em Filosofia Medieval, UEPB). 

Trabalhos disponíveis em seu site - www.ricardocosta.com. 

Traduziu a novela "Curial e Guelfa" (séc. XV) e "Lo Somni" (1399), de Bernat Metge (1340-1413), sob encomenda para a Universitat d'Alicant (Espanha), publicada pela Universidade de Santa Bárbara (California). 

Apresentará uma visão histórica de como o medievo enxergava a morte e a dignidade da vida humana.

Palestra do Seminário de Humanidades Médicas: Profa. Dra. Patrícia Duarte Deps

A Dignidade Humana e os Erros Médicos e Científicos
Conferência de Abertura
Profa. Dra. Patrícia Duarte Deps


Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Espírito Santo (1993), Pós-graduação em Dermatologia pela UNIFESP (1996), Dermatologista pela SBD desde 1996, Mestre em Doenças Infecciosas pela Universidade Federal do Espírito Santo (1998), Doutora em Medicina (Dermatologia) pela Universidade Federal de São Paulo (2003) e Pós-Doutora em Medicina Tropical na London School of Hygiene & Tropical Medicine (2008).

Honorary Clinical Research Fellow (2008) na clinica de dermatologia tropical do Hospital for Tropical Diseases (UCLH-NHS) em Londres. Professora Associada nível 02, do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal do Espírito Santo desde 2002. 

Nomeada recentemente Honorary Visiting Researcher da University of Bradford, Reino Unido, a partir de 1 de setembro de 2014. Leciona Psicologia Médica, Saúde Coletiva e Formação Médica, Ética Médica e História da Medicina; é membro do corpo docente da Pós-Graduação em Doenças Infecciosas da UFES (nota 5 CAPES em 2010) onde orienta alunos a nível de mestrado e doutorado. 

Atua tanto na área básica como clinico-epidemiológica. Membro do Corpo Editorial da Mirabilia Medicinae desde 2013, revista especializada em Humanidades Médicas. Foi membro efetivo do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde/UFES, ligado ao CONEP, e da Câmara Técnica de Pesquisa da UFES. 

Fundadora do Ambulatório de Pesquisa Clinica em Dermatologia do HUCAM/UFES. Desenvolveu parcerias de pesquisa com profissionais da UNIFESP, ILSL-Bauru, LSHTM (Londres) e Guy`s & St Thomas`s Hospital (London) e USL (USA). 

Membro da Cochrane Skin Group (Cochrane Library-UK) desde 2008. 

Tem experiência em Medicina, com ênfase em Dermatologia, atuando principalmente nos seguintes temas: hanseníase, DST/AIDS, dermatolgia tropical, saúde pública e sistemas de saúde e uso de laser para onicomicoses. 

Ganhou em 2006 o premio de Pesquisadora do Ano pela Assembleia Legislativa do ES. Em 2007 ganhou o Premio Latino-Americano La Roche-Posay de melhor projeto de pesquisa em dermatologia.

No III Seminário UNESC e I Seminário UFES de Humanidades Médicas, dias 19 e 20 de novembro, no Auditório do Elefante Branco no Campus Maruípe da UFES. Uma grande oportunidade para aprender e debater.



segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Espantalhos, Nazistas e Coerência Ética

Espantalhos, Nazistas e Coerência Ética



Alguns seres humanos têm a capacidade de nos surpreender ao tornarem realidades as mais estapafúrdias hipóteses.

Explico melhor...

No livro A Morte da Medicina eu joguei com a hipótese da perda de dignidade do feto e do bebê, e perguntei se caso não houvesse problema em matar um feto ou bebê por não o considerar pessoa, por que então haveria problema em vender suas partes ou degustá-lo como fina iguaria? Confesso que foi um gracejo na época, uma conductio ad absurdum de valor retórico, talvez.

E assisti surpreso a uma série de vídeos nos quais uma das maiores empresas abortistas do mundo, a Planned Parenthood, fundada pela excêntrica eugenista estadunidense Margareth Sanger, negociava pedaços de bebês e fetos, inclusive enquanto um “espécime” ainda com o coração batendo era dilacerado.

O que era hipótese grotesca e chocante virava realidade da noite para o dia.

Mas quando acho que posso tomar fôlego, eis que um novo fato surpreende. Em um dos melhores periódicos médicos do mundo é publicado um comentário no mínimo curioso, demonstrando certa indignação com a indignação alheia, reclamando dos incoerentes defensores da dignidade da vida humana[1]. Mas fico surpreso porque o artigo inteiro nada mais é do que uma série de proposições falaciosas ao redor de um grande espantalho[2] inventado pela autora Alta Charo, importante bioeticista da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos.

A autora começa reclamando sobre as grandes “vias de esperança” (avenues of hope) que poderão ser destruídas pelo ativismo de grupos politiqueiros. Segundo ela:

“(…) essas vias de esperança [para pacientes atuais e futuros por causa da pesquisa com tecido fetal] são ameaçadas [por meio do corte de verbas federais para a Planned Parenthood] por uma luta política pura – um aluta que, neste caso, não vai afetar de forma alguma o número de fetos abortados ou trazidos a termo, objetivo alegado pelos ativistas envolvidos.”

"(...) those avenues of hope [for current and future patients because of fetal tissue researching] are being threatened [by the Federal defunding of Planned Parenthood] by a purely political fight – one that, in this case, will in no way actually affect the number of fetuses that are aborted or brought to term, the alleged goal of the activists involved.”

Há vários erros no raciocínio exposto.

Declarar que tudo não passa de uma briga política é cometer um dos grandes crimes filosóficos dos quais se tem notícia: reducionismo. Reduzir à politicagem uma questão que toca no valor da vida humana e na dignidade da vida e nos limites de definição do que é digno, correto ou errado fazer é, no mínimo, uma barbaridade. É ignorar, ou preferir não reconhecer, que há sim elementos políticos na discussão, mas que esta discussão é algo muito mais sério, amplo e profundo do que a política, é uma questão que aborda diretamente a cosmovisão de toda uma nação, senão de uma civilização. É uma questão essencial para a definição de quem são afinal os norte-americanos.

Alta Charo também parece melindrada sobre bagunçar esperanças alheias em grandes descobertas num futuro hipotético. Mas, desde que Hans Jonas publicou sua obra chamando a atenção da comunidade mundial de bioeticistas sobre o princípio da Responsabilidade e do Temor[3] - sendo acusado por muitos incautos de conservador justamente por não advogar o progresso científico acima do bem do indivíduo concreto e real de nosso tempo -, analistas prudentes perceberam que nenhuma esperança em algo hipotético e, portanto, opcional, no futuro, pode justificar uma falha ética no presente. Logo, não há razões para melindres a respeito de expectativas futuras se houver razões para melindres a respeito de falhas éticas graves no presente.

E verdade seja dita: o que mais se tem quando se fala em Células Tronco Embrionários é esperança.

Dizer também que o número de abortos não diminuirá por meio do ativismo político e social de defensores da vida de fetos e bebês também não é uma proposição muito adequada. Há que se ter um pouco mais de cautela, pois numa situação relativamente nova no conhecimento geral e pouco pesquisada e analisada, não se sabe se a disponibilização de um mercado de pedaços de bebês e fetos não geraria um grande aumento do número de abortos. Da mesma forma, não se pode afirmar que a proibição da destinação de verbas federais à Planned Parenthood não geraria uma redução no número de abortos. Quem sabe? Eu não sei, e creio sinceramente que Alta Charo também não pode afirmar saber.

A seguir ela diz que:

“Ao ver de perto a pesquisa em tecido fetal, observa-se o dever de usar esse precioso tecido na esperança de encontrar formas de prevenir ou tratar doenças devastadoras. Virtualmente qualquer pessoa neste país se beneficiou da pesquisa com tecido fetal. Todas as crianças que foram poupadas dos riscos e sofrimentos da catapora, rubéola ou pólio podem agradecer aos ganhadores do Prêmio Nobel e outros cientistas que usaram tal tecido para produzirem a vacina que nos protege.”

“A closer look at the ethics of fetal research, however, reveals a duty to use this precious resource in the hope of finding new preventive and therapeutic interventions for devastating diseases. Virtually every person in this country has benefited from research using fetal tissue. Every child who’s been spared the risks and misery of chickenpox, rubella, or polio can thank the Nobel Prize recipients and other scientists who used such tissue in research yielding the vaccines that protect us.”

Realmente o número de pessoas que se beneficiou com o uso de tecido fetal é incontável em quase um século de vacinas. Mas do fato que se pode utilizar tecido fetal para beneficiar o próximo não se depreende que tal tecido tenha que ser colhido de ações eticamente questionáveis. Por que não colher apenas tecido fetal decorrente de situações eticamente inquestionáveis como aquelas em que ocorre aborto espontâneo ou traumático acidental? Por que não investir em meios de pesquisa mais avançados para proliferar o tecido obtido por meios menos controversos e fornecer material suficiente para pesquisa sem incorrer em questões existenciais que podem comprometer os valores de todo um povo?

Ou por que não investir em novos tecidos e novas técnicas capazes de evitar problemas éticos?

Acomodar-se, cobrar coerência e continuidade em relação a determinada linha de pesquisa e ridicularizar um dos lados da questão não parece ser realmente o melhor caminho. E se eu quiser fazer o meu espantalho também, parece algo bem reacionário dentro de um contexto progressista, se é que vocês me entendem...

Há também a cobrança de uma coerência por parte dos defensores enragé da vida:

“Críticos apontam para os abortos por trás da pesquisa, afirmam que são antiéticos, e argumentam que a sociedade não pode endossá-los ou até mesmo beneficiar-se deles, sob o risco de encorajar mais abortos ou tornar a sociedade cúmplice com o que eles veem como um ato imoral. No entanto, eles têm se utilizado sobremaneira das vacinas e tratamentos derivados da pesquisa com tecido fetal, e não dão indicação de que irão abrir mão de benefícios obtidos. Justiça e reciprocidade sugerem que eles têm o dever de apoiar o trabalho, ou ao menos, não o atrapalhar. ”.

“Critics point to the underlying abortions, assert that they are evil, and argue that society ought not implicitly endorse them or even indirectly benefit from them, lest it encourage more abortion or make society complicit with what they view as an immoral act. Yet they have overwhelmingly partaken of the vaccines and treatments derived from fetal tissue research and give no indication that they will forswear further benefits. Fairness and reciprocity alone would suggest they have a duty to support the work, or at least not to thwart it.”

Alta Charo cobra um determinado tipo de coerência no mínimo questionável. Exemplifico com uma analogia.

Suponhamos que a medicina nazista, utilizando judeus, prisioneiros de guerra ou crianças com retardo mental, tenha produzido um avançado medicamento no passado que salvou muitas vidas arianas e não arianas até os dias de hoje. Utilizar tal medicação e reconhecer seu benefício não quer dizer que, automaticamente, há que se assumir um compromisso em seguir fazendo pesquisa e medicina nos moldes nazistas, ou utilizando judeus, crianças deficientes ou prisioneiros.

É muito mais coerente cobrar que, ao ser descoberta uma ameaça à ética, tal ameaça seja imediatamente avaliada e que chances de perpetuar um erro sejam suspensas até que se saiba melhor qual caminho tomar. Parar com a “venda” de fetos ou suspender temporariamente o aporte de novos espécimes para pesquisa não implicará imediatamente no fim das pesquisas com os tecidos fetais já colhidos, ou até mesmo na coleta de novos tecidos à medida em que novos abortos espontâneos ou sob condições mais seguras do ponto de vista ético continuem acontecendo.

A autora prossegue menosprezando a perspectiva alheia e declara que:

“(...) parece óbvio que as necessidades de pacientes de hoje e do futuro superam o que só podem ser gestos simbólicos ou políticos de preocupação. ”

“(...) it seems clear that the needs of current and future patients outweigh what can only be symbolic or political gestures of concern.”

Só parece óbvio, mas não é. Nesse esquema lógico, uma premissa não bate. Há uma falta de empatia mortal ao debate intelectual. O pressuposto de que se está ao lado da verdade e do bem, e que o próximo é um hipócrita interesseiro ou um simplório incapaz de sentimentos genuínos e profundos não parece contribuir para o ambiente respeitável de diálogo e compreensão que a Bioética exige.

Dra. Charo também observa uma ironia, que descreve como o fato de que:

“reduzir o acesso à contracepção [ao deixar de custear com verbas do governo a Planned Parenthood, que também atua na distribuição de anticoncepcionais] é o caminho mais certo para aumentar o número de abortos.”
“reducing access to contraception is the surest way to increase the number of abortions.”

Mas antes de ser uma ironia há uma possibilidade em jogo. Pode muito bem ser possível que outras organizações sem entraves éticos como a Planned Parenthood tomem para si o papel de orientar acerca da contracepção. Pode ser que novos serviços surjam. Pode ser que o número de abortos até diminua, afinal de contas, quem faz o aborto e o defende pode, de uma hora para outra, não estar lá. Não é possível afirmar que tirar verbas do contribuinte norte americano da megaempresa abortista aumentará de fato o número de abortos. Isso seria brincar de prever o futuro sem muita fundamentação em exemplos históricos.

Por fim, o artigo encerra com um tom fortemente retórico e emocional, tentando exibir a feiura moral daqueles que discordam:

“Esse ataque representa uma traição Às pessoas cuja vida poderia ser salva pela pesquisa, e uma violação do dever mais fundamental da medicina e da política de saúde, o dever de cuidar.”

“This attack represents a betrayal of the people whose lives could be saved by the research and a violation of that most fundamental duty of medicine and health policy, the duty of care.”

Se o ataque é uma traição a pessoas do futuro, porque a venda de órgãos de fetos e bebês não seria uma traição aos seres humanos do presente? Se o dever fundamental da medicina e das políticas de saúde é cuidar do próximo, onde está o cuidado com as vidas interrompidas, ou com a sua dignidade?

A preocupação da doutora Charo é plenamente compreensível e respeitável dentro de uma perspectiva progressista e cientificista. O mínimo que se espera de alguém de sua importância como figura pública, bioeticista e educadora, é um esforço genuíno para compreender que a postura daqueles que ela chama de traidores e politiqueiros também é respeitável dentro de suas próprias perspectivas.

Criar espantalhos ou menosprezar problemas éticos nessa altura do campeonato não ajudará em nada ao debate bioético de qualidade.

Hélio Angotti Neto
Dean of UNESC Medical School
Seminar of Philosophy Applied on Medicine
www.medicinaefilosofia.blogspot.com.br






[1] CHARO, Alta. Fetal Tissue Fallout. New England Journal of Medicine, 373(10), September 3, 2015, p. 890-891.
[2] Evocar um espantalho numa discussão, debate ou argumentação é criar uma versão estereotipada de seu “adversário” e passar a atacar a própria criação ao invés de abordar a pessoa real com quem se relaciona.
[3] JONAS, Hans. Princípio Responsabilidade – Ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Rio de Janeiro, RJ: Editora Contraponto, 2006.

sábado, 19 de setembro de 2015

A RECEITA DO SEFAM

A RECEITA DO SEFAM



Lendo o livro "O Que É Conservadorismo", de Roger Scruton, com tradução de Guilherme Ferreira Araújo e prefácio do Bruno Garschagen, vejo duas características básicas do SEFAM descritas de forma bem explícita.

A primeira característica é a motivação para qualquer um que busca o SEFAM:

"Da mesma forma, as pessoas vão obter educação somente se elas a desejarem por seu próprio fim, mas conseguirão bem mais do que isso. Elas vão adquirir a habilidade de se comunicar, de persuadir, de atrair e de dominar. Em qualquer arranjo social, tais capacidades serão vantagens, mas a educação nunca pode ser buscada somente como meios para elas, mesmo se são sua consequência natural."

E a segunda é a percepção de que o SEFAM é sim um empreendimento elitista no sentido intelectual e moral, ou pelo menos almeja ser com sinceridade. E oferece uma oportunidade singular e bem desigual para os que buscam as Humanidades Médicas, pois, como diria Roger Scruton, de forma irônica:

"A menos que tomemos as crianças de suas mães e cuidemos delas em granjas, a 'desigualdade de oportunidade' não poderia ser erradicada. E mesmo assim sua total total erradicação dependeria da remoção de uma parte do conhecimento natural da criança, digamos, sujeitando seu crânio a uma série de golpes repetitivos de martelo ou removendo porções de seu cérebro."

Sem dúvida nenhuma o objetivo do SEFAM é que os participantes sejam o mais diferente possível do meio que os circunda, e ainda mais diferentes entre si, partindo de um legado cultural comum que possibilitará alçar maiores vôos independentes. É uma oportunidade extremamente desigual, felizmente, e jamais poderia ser imposta.

Hélio Angotti Neto
Coordenador do SEFAM
Professor de Medicina e Coordenador do Curso de Medicina do UNESC


sexta-feira, 18 de setembro de 2015

A Dimensão Espiritual na Psicologia

A Dimensão Espiritual na Psicologia


"Foi (Viktor) Frankl quem reintroduziu a dimensão espiritual do homem na psicologia, ocasionando uma revisão fundamental da concepção do homem. O espírito não busca o prazer; busca o sentido. O espírito não busca a satisfação de suas necessidades; procura no mundo tarefas e objetivos que tenham sentido. E justamente neste ponto surge o mundo exterior com suas inúmeras possibilidades de sentido e seus valores subjetivos, que precisam ser concretizados. Unicamente uma imagem do homem, que inclua a dimensão espiritual, pode transcender o mundo interior do eu, regulado homeostaticamente, e reconhecer o homem como um ser que, além de seu equilíbrio interno de necessidades, tem a motivação singular e suprema de encontrar e realizar um sentido no mundo externo; este sentido pode significar-lhe tanto que, se necessário, consagraria até sua vida a ele. Pascal, o grande filósofo, já disse: 'O homem transcende infinitamente a si mesmo'."

Assistência Logoterapêutica
Elisabeth Lukas

terça-feira, 15 de setembro de 2015

III Seminário de Humanidades Médicas do UNESC e I Seminário de Humanidades Médicas do HUCAM


Filosofia Política em Saúde no Congresso Brasileiro de Educação Médica, 2015

Filosofia Política em Saúde no Congresso Brasileiro de Educação Médica, 2015


No 53º Congresso Brasileiro de Educação Médica, o Centro Universitário do Espírito Santo e o Seminário de Filosofia Aplicada à Medicina estarão presentes na programação com o tema: Filosofia Política em Saúde.

O Grupo de Estudo ocorrerá no dia 09 de novembro na sala 06, das 16:15 às 18:15, no Centro de Convenções Sul América, no Rio de Janeiro.


PROGRAMAÇÃO

Tipologia do poder em geral e do poder do profissional da saúde. 
Evolução histórica do poder no Ocidente conforme Bertrand de Jouvenel. 
Política e Filosofia Clássica: Platão e Aristóteles. Política Medieval: Agostinho, João da Salisbúria e Tomás de Aquino. 
Política de guerra em Sun Tzu  
Política moderna maquiavélica. 
Política revolucionária. 
Política Conservadora e Liberal. 
A Mentira, o  Segredo e o Ódio como instrumentos políticos. 
A erística de Schopenhauer. 
A manipulação psicológica na influência social. 
Redes em conflitos na guerra cultural. 
Consequencialismo em 3 escalas conforme Allenby e Sarewitz. 
Temor, humildade e responsabilidade em Hans Jonas. 
Valores em Guerra. 
O Exercício do Poder Cultural. 
O Exercício do Poder Econômico. 
O Exercício do Poder Político. 
Medicina em Sociedade.

Metodologia
Exposição Dialogada e Sugestões Bibliográficas

O tempo de apresentação será muito breve, mas o objetivo principal é apresentar um panorama das grandes possibilidades de estudo e ação dentro da esfera política quando o assunto envolve saúde e sociedade. Confira a página do congresso: http://www.cobem.com.br/2015/programacao/

Para os que desejarem uma oficina mais aprofundada, os mesmos temas serão discutidos de forma mais aprofundada na Oficina de Formação Política para Profissionais da Saúde, no doa 19 de novembro (quinta-feira) no III Seminário de Humanidades Médicas do UNESC e I Seminário de Humanidades Médicas da UFEs, em Vitória, ES.

Mais informações em breve!


Preletor: Prof. Dr. Hélio Angotti Neto

Coordenador do Curso de Medicina do UNESC (Centro Universitário do Espírito Santo); Coordenador do SEFAM; Membro do Comitê de Ética em Pesquisa do UNESC; Diretor Editorial da Mirabilia Medicinae; Editor Associado da Revista Internacional de Humanidades Médicas. Membro da Sociedade Brasileira de Bioética, do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, do Conselho Regional de Medicina do ES, do Center for Bioethics and Human Dignity, da Associação Brasileira de Educação Médica e da Academia Brasileira de Oftalmologia.