sexta-feira, 15 de abril de 2016

CURSO CIÊNCIA, CULTURA E SAÚDE

Curso disponível no portal Katedra: http://katedra.com.br/?product=sefam-modulo-1-ciencia-cultura-e-saude 


ASCENSÃO E QUEDA DA MEDICINA MODERNA

THE RISE AND FALL OF MODERN MEDICINE

Uma aula baseada no livre The Rise and Fall of Modern Medicine, de James Le Fanu.
Segunda-Feira, no curso online oferecido pelo portal Katedra em http://katedra.com.br/?product=sefam-modulo-1-ciencia-cultura-e-saude
Quarta-Feira, 27 de abril, na Biblioteca do Centro Universitário do Espírito Santo.
Temas: Vitórias e avanços da medicina moderna. A ascensão da Medicina Moderna. O fim do otimismo e a estagnação. A Queda: descrédito e erros da medicina moderna. Consequências da queda.

sábado, 2 de abril de 2016

COMPREENDER A MORTE PARA VIVER A VIDA

Compreender a Morte para Viver a Vida


Nós não gostamos de falar sobre a morte. Gostamos ainda menos de falar acerca da morte de nossos amigos e familiares e abominamos completamente a tomada de consciência de nossa própria finitude.

Nossa cultura contemporânea nos estimula a pensar e agir como se fôssemos imortais neste mundo, eternamente na busca de novos prazeres, negando frustrações e limitações.

Numa aula sobre tanatologia para ingressantes no Curso de Medicina, escutei deboches quando perguntei sobre como as pessoas gostariam de morrer. É uma postura defensiva clássica - debochar daquilo que se teme – que pode nos fazer perder tempo em reconhecer as questões realmente preciosas da vida. Quem debochou foram alunos novos; muitos ainda não perderam seus entes mais amados e, talvez, nenhum deles ainda tenha visto bem de perto o dia de seu fim. E sem a clara percepção de nossa finitude, como valorizar adequadamente nossos momentos de vida?

Em uma viagem recente à Universidade de Baylor, em Waco no Texas, para palestrar num evento de Humanidades Médicas, recebi preciosas dicas de leitura do professor William Hoy. Um autor recomendado com especial entusiasmo foi o Médico Paliativista Ira Byock, autor do livro “The Four Things That Matter Most: A Book About Living”.



No livro, Ira Byock utiliza vários exemplos daquele que é o grande momento de perda, dor e fragilidade – a morte – para ensinar acerca de como viver bem. Ele trata das quatro coisas mais valiosas para se dizer quando nos despedimos de alguém[1], e também nos alerta sobre o fato de que não precisamos esperar o momento de dizer adeus para falar sobre isso.



O valor de se acumular narrativas, advindas da realidade vivida ou da literatura de boa qualidade, é inestimável para a formação moral e existencial do médico. E Ira Byock se encaixa entre os vários médicos e escritores que produzem obras realmente marcantes sobre a vida e a morte humana.

São histórias verdadeiras de grande sofrimento e de grande superação.

Outros livros que trazem narrativas, fictícias ou reais, preciosas para a compreensão do fenômeno da vida humana são:

- Sinto Muito, de Nuno Lobo Antunes;

- A Morte de Ivan Illich, de Liev Tolstói;

- Em Busca de Sentido, de Viktor Frankl;

- Mortais, de Atul Gawande.

A única ressalva é que este último, mais aclamado, percorre uma série de relatos de pessoas que enfrentaram o fim de suas vidas com coragem e dignidade, auxiliadas por médicos que procuraram dar a elas o máximo de conforto e respeito, e em seus últimos capítulos fornece uma estranha, descontextualizada e incoerente defesa do suicídio assistido e da eutanásia.

Por outro lado, o livro de Byock, desconhecido pela maioria dos brasileiros, mantém a coerência de um médico que respeita e valoriza a vida até seus últimos momentos, e que vai além da busca pelo alívio físico para trabalhar o próprio sentido da vida nos mais tensos momentos existenciais, fornecendo ao paciente a chance de alcançar algo que vai além da aceitação da própria finitude: a sublimação.

Para Saber Mais:

- Breve comentário sobre as Quatro Coisas:

- Conversa sobre as Quatro Coisas que mais importam:

 Prof. Dr. Hélio Angotti Neto é Coordenador do Curso de Medicina do UNESC, Diretor da Mirabilia Medicinæ (Revista internacional em Humanidades Médicas), Membro da Comissão de Ensino Médico do CRM-ES, Médico Oftalmologista pela Secretaria de Saúde do ES, Membro do Comitê de Ética em Pesquisa do UNESC e criador do Seminário de Filosofia Aplicada à Medicina (SEFAM).








[1] As quatro coisas importantes para se dizer são: Perdoe-me, Te Desculpo, Obrigado e Te Amo. Quem viveu o mínimo para tornar-se adulto provavelmente gostaria de ter dito algo parecido àqueles que se foram. BYOCK, Ira. The Four Things That Matter Most: A Book About Living. New York: ATRIA Books, 2014.