domingo, 31 de março de 2019

O DEBATE SOBRE O ABORTO - UMA LEITURA OBRIGATÓRIA PARA NOSSOS DIAS.

Uma grande necessidade para esse debate nos dias atuais é compreender as regras da argumentação.
No entusiasmado debate do qual participei, alguns estratagemas erísticos se repetiram ad nauseam, entre eles:
1 - Argumentum ad Verecundiam - O trabalho X está publicado no periódico internacional Y... Quem disse foi a OMS...
2 - Argumentum ad Hominem - Meu lugar de fala... Você não é mulher e não pode falar sobre isso...
3 - Opções forçadas - Mas você quer prender 7 milhões de mulheres (???) ou legalizar o aborto?
4 - Rotulações odiosas - Mas o que vocês querem afinal? Voltar aos dias de repressão do patriarcado?
Para qualquer estudioso da Teoria da Argumentação, incluindo retórica e erística, está muito claro que tudo o que foi exposto acima é completamente irracional e inválido num debate sério, mas há que se compreender que não costumamos ter boa educação no Brasil.
Muitos lançam tais argumentos com a maior naturalidade, pois cresceram em um ambiente no qual toda essa manipulação discursiva psicológica é natural. Contudo, em um país com o mínimo de cultura e educação, a utilização de qualquer um desses estratagemas tão caros à discussão brasileira seria uma grave falha, capaz de desautorizar seu emissor.
Para aqueles que desejam compreender melhor como conversar (acredite, existe uma técnica para isso), recomendo começar o estudo pelo magnífico livro Como Vencer um Debate sem Precisar Ter Razão, escrito por Schopenhauer e comentado pelo Olavo de Carvalho
Outra obra imprescindível para conhecer melhor os argumentos acerca do aborto é o livro A Ética do Aborto, do Kaczor, escrito de forma a incluir argumentos de ambos os lados com muito respeito e extrema competência. Pode ser encontrado neste link.


sábado, 23 de março de 2019

MINISTÉRIO DA SAÚDE - 2019 - UMA NOVA MISSÃO

MINISTÉRIO DA SAÚDE - 2019 - UMA NOVA MISSÃO



Desde o dia 16 de janeiro fui nomeado para uma nova missão: auxiliar na gestão da educação na saúde. Desde que assumi a Diretoria do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES) sob o comando do Ministro Mandetta e da Secretária Mayra Pinheiro, a serviço do Presidente Jair Bolsonaro, tenho encontrado muitos desafios, mas o bom trabalho e a dedicação de muitos que aqui conheci tem tornado o trabalho muito gratificante. 

Sempre defendi o papel importante que a boa educação de nossos profissionais da saúde tem na vida do nosso povo, e esse será sempre nosso norte: fornecer meios para o constante aprimoramento daqueles que cuidam de nossas famílias.

Saiba um pouco mais sobre a SECRETARIA DE GESTÃO DA EDUCAÇÃO E DO TRABALHO NA SAÚDE, onde fica o DEGES.

"A Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) é responsável por formular políticas públicas orientadoras da gestão, formação e qualificação dos trabalhadores e da regulação profissional na área da saúde no Brasil.

"Cabe à SGTES promover a integração dos setores de saúde e educação no sentido de fortalecer as instituições formadoras de profissionais atuantes na área, bem como integrar e aperfeiçoar a relação entre as gestões federal, estaduais e municipais do SUS, no que se refere aos planos de formação, qualificação e distribuição das ofertas de educação e trabalho na área de saúde."

quinta-feira, 7 de março de 2019

PERGUNTA E RESPOSTA - DICAS PARA O ESTUDO DA FILOSOFIA CLÁSSICA

Poderia me indicar algum livro para iniciação em filosofia greco-romana (basicamente Sócrates, Platão e Aristóteles), que não seja da Marilena Chauí e afins?


Recomendo começar pelo Apologia de Sócrates, na tradução de Carlos Alberto da Costa Nunes pela Editora da Universidade Federal do Pará. Seria uma amostra inicial da filosofia de Sócrates e Platão.

Daí, poderia prosseguir com a leitura dos seguintes livros introdutórios sobre Aristóteles:

-Aristóteles para Todos: Uma Introdução Simples para um Pensamento Complexo, de Mortimer Adler;

-Aristóteles em Nova Perspectiva: Introdução à Teoria dos Quatro Discursos, de Olavo de Carvalho.

Sobre a origem da filosofia, recomendaria assistir e ler os primeiros episódios da série do Olavo de Carvalho: História Essencial da Filosofia:

-O Projeto Socrático– Aula 02;

-Sócrates e Platão– Aula 03;

-Aristóteles– Aula 04.

Depois disso, eu voltaria para os originais:

-Fédon, de Platão;

-A República, de Platão;

-Mênon, de Platão;

-Retórica, de Aristóteles;

-Política, de Aristóteles.

Por fim, eu releria Apologia de Sócrates.

Depois disso, o ideal seria prosseguir com os originais até completar toda a obra de Platão e de Aristóteles enquanto se lê algumas obras que ajudarão a montar o contexto da Grécia Antiga e o atual contexto das obras de Platão e Aristóteles, tais como Paidéia, de Werner Jaeger,Plato, de Paul Friedlander e os livros de História da Filosofia do Giovanni Reale e Frederick Copleston. Para aprofundar ainda mais, não há como escapar da leitura de clássicos da Grécia Antiga, e daí deve-se ler Homero e Sófocles enquanto se lê o primeiro volume deHistória da Literatura Ocidentaldo Otto Maria Carpeaux.

Seguir por esse caminho me ajudou muito. Recebi tesouros culturais que me servem até mesmo para a vida pessoal, para a prática da medicina e para todas as minhas atividades intelectuais.

BREVES REFLEXÕES

ENSINAR HUMANIDADES MÉDICAS É, NO FIM DAS CONTAS, TER COMO PROJETO DE VIDA TORNAR-SE UM MÉDICO DE EXCELÊNCIA PROFISSIONAL
Há que se diferenciar duas posturas que podem ser chamadas de filosóficas (uma delas, inadequadamente apontada como tal):
1 - A do humilde, que sabe o que sabe e sabe o que não sabe, e que sempre está disposto a aprender em todas as oportunidades, sem ignorar a qualidade do que já aprendeu;
2 - A do falso modesto, que afirma nada saber como desculpa para relativizar o conhecimento alheio enquanto posa de sábio e prudente, algo que no fim das contas nada mais é do que a mais pura arrogância disfarçada.
Como aprendi há muitos anos no início do Curso de Filosofia do Olavo de Carvalho, aprender algo é aprender algo que antes não se sabia. Saber algo é saber de algo que alguém não sabe e, portanto, arriscar a incompreensão por parte daqueles que não estudaram ou não viveram experiência semelhante.
Quem quer ensinar algo precisa saber sobre o que deseja ensinar. Não se transmite aquilo que não se tem. Portanto, na educação, o papel do professor/mediador é importantíssimo, mas, por outro lado, só se ensina a quem quer aprender de fato.
Nesse contexto, reflito sobre a possibilidade de ensinar Humanidades Médicas como algo ligado a um projeto de vida no qual o objetivo nada mais é do que o aprimoramento pessoal intrinsecamente ligado às virtudes da profissão em um âmbito de partilha de experiências e conhecimentos. Tal objetivo é o próprio projeto socrático da filosofia que encontrou sua máxima expressão e perfeição no advento do Cristo.
As Humanidades Médicas são um grande projeto de vida que nunca se completa, mas que encontra sua realização conforme seus modelos de excelência se espalham em meio às profissões de saúde.

segunda-feira, 4 de março de 2019

A MANIPULAÇÃO NA EDUCAÇÃO

EXCERTO DA OBRA DE ALFONSO LÓPEZ-QUINTÁS
A TOLERÂNCIA E A MANIPULAÇÃO


6. A MANIPULAÇÃO DOS EDUCADORES (p. 121-124)

Os tiranos procuram por todos os meios manter as pessoas num nível cultural baixo, para que seu poder de discernimento seja o menor possível, o que as torna facilmente manipuláveis. B. Hearing atribui essa atitude aos ditadores: “Em sociedades e Estados autoritários todos o processo de educação é orientado para obter cidadãos dóceis e fáceis de manipular, evitando-se ou reprimindo tudo o que possa suscitar um espírito crítico”.

Também nos regimes democráticos, aquele que deseja vencer sem convencer costuma conceber planos e métodos de ensino com os quais não se crie o poder do discernimento, a sensibilidade para os grandes valores, o entusiasmo criativo, o desejo de realizar tarefas relevantes. Sob o pretexto de “desdramatizar” os problemas, banaliza-se a vida humana. (...)

O manipulador cultural proclama seu interesse pela cultura, mas trata-se de uma cultura que tende a dominar, não a criar unidade. Daí o estímulo às ciências em detrimento das humanidades, e, pior ainda, o interesse por orientar a potência criadora do ser humano, sobretudo dos jovens, para modos infraculturais de atividade, infraculturais por não serem criativos.

Esse tipo de manipulação educativaopera em vinculação encoberta com a manipulação ideológica. Como se sabe, o escritor italiano Antonio Gramsci elaborou toda uma tática para atingir o poder político mediante o domínio cultural, que, por sua vez, será alcançado mediante um processo no qual as ideias e os sentimentos dos intelectuais são assumidos pelo povo e convertem-se numa fonte de energia revolucionária. “Quando se consegue”, diz ele, “introduzir uma nova moral adequada a uma nova concepção do mundo, termina-se por introduzir também essa concepção, isto é, determina-se uma reforma filosófica total.” (...)

Ensinar o povo a pensar com rigor é, efetivamente, elevada tarefa, que exige vivência profunda e que as questões básicas sejam apresentadas com força imaginativa, de modo que as pessoas igualmente se compenetrem dessas questões e as compreendam por dentro. Ora, esse trabalho não deve ser realizado com a finalidade de adquirir poder e domínio sobre o povo, mas de conferir-lhe verdadeira liberdade interior. Jamais a educação deve transformar-se, sob nenhum pretexto, por mais elevado que pareça, em recurso estratégico para conseguir um objetivo. Deve ser impulsão da personalidade de cada ser humano, que é um fim em si mesmo e não um meio.

Nunca antes foi tão válida a seguinte observação de Gabriel Marcel, um dos pensadores contemporâneos mais preocupados com o destino da humanidade: “O que hoje provavelmente mais falta faz ao mundo são educadores. Do meu ponto de vista, esse problema dos educadores é o mais importante, e é nisso que a reflexão filosófica deve dar sua contribuição.”


É urgente aplicar ao trabalho formativo os resultados de uma atenta investigação filosófica, para evitar que o processo educacional seja colocado a serviço dos demagogos, como costuma acontecer, segundo B. Haering: “A educação é o mercado público em que encontramos as mais diferentes ideologias, bem como aqueles que depositam suas maiores esperanças em manipular os outros”. 

Alfonso López QUINTÁS.

A Tolerância e a Manipulação. Campinas, SP: É Realizações, 2018