terça-feira, 22 de agosto de 2017

ÓDIO IDEOLÓGICO CONTRA A MEDICINA

ÓDIO IDEOLÓGICO CONTRA A MEDICINA


A DESCONSTRUÇÃO DE UMA ELITE INTERMEDIÁRIA


Há um inequívoco ataque ideológico em curso contra a medicina. Não falo aqui da crítica – bem exagerada, diga-se de passagem, porém bem-vinda - feita por Ivan Illich contra uma tendência totalitária da intervenção médica na vida do indivíduo.[1] Falo de um movimento nem sempre bem ordenado, mas movido por princípios maquiavélicos e revolucionários que atenta diretamente contra a profissão médica por meio da desconstrução da identidade profissional e da difamação daqueles que se dedicam à antiga arte hipocrática, visando sua submissão completa a um projeto ideológico de manutenção da hegemonia política.

Descreverei alguns exemplos ilustrativos desse ataque que ocorre há décadas, cada vez mais agressivo.

O ano era 2013, quando assisti à votação do Ato Médico, na qual seria analisada a formulação que regulamenta o que a medicina faz ou deixa de fazer no Brasil.

A época era de agitação. Médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, educadores físicos e praticamente todos que iam às ruas naqueles momentos de levante popular clamavam por melhores meios de saúde para a população brasileira.

No calor das manifestações, um movimento que se iniciara dentro do curral ideológico das esquerdas radicais do Brasil, capitaneado por grupos de estudantes do Movimento Passe Livre ao lado das milícias dos black blocs[2], subitamente era invadido por famílias inteiras com pautas conservadoras e profissionais da saúde a pressionar o governo por melhores condições de serviço.

Observando a completa perda de controle do movimento nas ruas, os radicais declararam em alto e bom som que as manifestações estavam encerradas, mas as pessoas continuaram indo às ruas, cada vez em números maiores.

Partidos políticos tentaram assumir o leme das massas e, de forma surpreendente, foram rechaçados, às vezes com ofensas. Era um genuíno levante popular. O pavio com a elite política do Brasil estava curtíssimo.


Naquele momento de grandes pressões contra um governo que já dava sinais da queda vertiginosa em meio à corrupção sistêmica, foi orquestrada a votação do Ato Médico e foi anunciado o Programa Mais Médicos.

Durante a votação do Ato Médico, militantes raivosos infiltrados em Conselhos das outras profissões da saúde berravam que os médicos estavam querendo roubar a autonomia alheia.

Políticos demagogos e irresponsáveis, anunciavam descaradamente, na frente de milhares de pessoas, que médicos inventavam doenças para faturar em cima da desgraça alheia. Caía o Ato Médico conforme sua formulação original, recheado de vetos presidenciais, e estava fraturada a união entre profissionais da saúde em busca de melhores condições de trabalho. A antiquíssima técnica de dividir para conquistar fora novamente aplicada com sucesso.

Revertendo uma tendência de maior controle de qualidade dos médicos que tentavam o ingresso no Brasil por meio do Revalida, o governo dispara também a lei do Mais Médicos, permitindo a entrada de milhares de cubanos mediante a evasão de grandes fortunas para a ditadura genocida dos Castros e para a Organização Pan-Americana de Saúde, intermediadora de todo o processo e responsável pela logística, que faturou 5% de todos os bilhões de reais envolvidos.

O governo dizia que médicos brasileiros estavam em falta e que não queriam ir para o interior. É curioso que não tenham falado do fechamento de milhares de leitos também no interior do Brasil e nas condições desumanas de trabalho causadas pela má gerência de recursos humanos e materiais de um governo falido e corrupto.

A presidente Dilma, verdadeira tartaruga no poste, acusava o médico brasileiro de tratar mal o povo, elogiando o humanitarismo dos médicos alugados da ditadura dos Castros.

Todo um discurso de demonização do profissional brasileiro foi disseminado pela elite política e intelectual. Os médicos foram acusados de serem brutos, racistas, imperitos e cruéis com a população, que necessitava da salvação provida pelos estrangeiros.

Independente das intenções declaradas, discretas ou secretas, o que se atingiu foi a quebra da autoridade médica na sociedade brasileira. Isto é incontestável.

O Conselho Federal de Medicina perdeu o monopólio da capacidade de indicar quem pode exercer a medicina e quem não pode, dividindo tal atribuição com o Ministério da Saúde, que passou a inserir estrangeiros por fora do método oficial de revalidação de diplomas.

Não entro aqui nos detalhes de toda a difamação que foi feita, algo que ocuparia um grosso volume ainda a ser escrito por uma caridosa alma, quem sabe. Todavia, em termos políticos, a mais influente e rica classe dos profissionais da saúde foi quebrada. Teve sua autoridade política destruída. As palavras do atual Ministro da Saúde, um engenheiro, repetidas em três ocasiões diferentes, deixam bem claro o clima: “Vamos parar de fingir que pagamos os médicos e o médico parar de fingir que trabalha”.[3]

Tal processo de destruição da autoridade política será seguido, inevitavelmente, pelo processo de destruição econômica e intelectual, transformando o médico em servo dependente da bondade governamental em um ambiente de excesso de mão de obra subempregada.

Por fim, acuados, desautorizados, espremidos entre demandas cruéis e medidas sufocantes, os médicos acabarão por perder a credibilidade moral, sendo cada vez mais alvos da desconfiança de seus pacientes.

Quando digo que há um ataque ideológico agressivo, não exagero de forma alguma. Citarei alguns exemplos entre muitos que presenciei.

O INSISTENTE ÓDIO DOS MILITANTES


Uma das facetas dessa campanha de ódio ostensivo contra a classe médica é a intervenção que observo em certos eventos acadêmicos por determinados grupos de professores e alunos que, executando uma interpretação totalizante e reducionista daqueles que enxergam como inimigos, acusam o médico de ser um opressor membro da elite.

Um grupo barulhento e agressivo de militantes tenta impor à medicina um discurso ideológico de ódio e intolerância. Tais críticos, embora acertem em parte quando miramos nos piores exemplos de nossa classe, contribuem diretamente para a hegemonia da velha elite política contra uma elite intermediária que poderia pressionar aquela em favor dos mais frágeis elementos da sociedade.

Discutíamos o programa de Mentoring em um congresso de educação médica há cerca de um ano. O Mentoring é uma experiência interessante e enriquecedora na qual um professor acompanha um grupo pequeno de alunos por toda a carreira acadêmica, preparando-os para a profissão e para a vida, oferecendo conselhos e apoio na caminhada. Tal experiência qualifica a educação e oferece óbvios ganhos para todos os envolvidos. Os mais novos ganham a oportunidade de aprender com os erros e acertos do mentor, mais experiente, e o mentor ganha ímpeto para continuar sempre em busca de aperfeiçoamento e para rever suas posturas.

Um dos objetivos do programa de Mentoring é justamente permitir que haja o estabelecimento de uma relação de confiança entre mestres e aprendizes, na qual um modelo profissional possa ser oferecido, mostrando uma cara bem humana a um ideal de profissão tantas vezes distante dos jovens estudantes de medicina que ingressam nas Escolas Médicas.

O papel do modelo profissional é essencial à formação humanística do aluno e, ouso dizer, até mesmo àquele que busca encarnar em sua vida tal modelo na condição de professor. Contudo, tal modelo está sob ataque ideológico.

Eis que nesse congresso de educação médica, no momento em que um dos palestrantes afirma que o Mentoring é um excelente momento humanístico para que o médico mais experiente saia de seu consultório e compartilhe um pouco de sua experiência e de sua vida com os alunos, oferecendo-se como amigo influente na caminhada, levanta-se uma professora que não era médica para promover sua “revolução”.

Com o dedo em riste, brada que esse era justamente o problema. O jovem médico, segundo a furiosa militante que vociferava exaltada, aprendia a reproduzir um modelo patriarcal, opressor, tecnicista, capitalista, flexneriano e burguês de médico, ou qualquer outra bobagem estúpida desse tipo.

Solenemente ignorada, entre risos discretos e comentários aborrecidos dos participantes em relação à falta de educação e de cordialidade demonstrada por ela, sentou-se bufando enquanto a reunião continuou. O ódio, felizmente, não colou. Os professores continuaram trocando informações sobre como promover o amadurecimento de seus alunos.

As críticas claramente foram percebidas por todos ali presentes como algo feito por alguém que, provavelmente, nunca participara de uma sessão de Mentoring na vida. Mas assim é o mundo abstrato da ideologia, um recorte muitas vezes odioso e odiento da realidade.

Em outro momento, ainda no mesmo congresso, enquanto um jovem estudante de medicina explicava as nobres iniciativas de estudo das Humanidades Médicas realizadas em sua escola, uma dessas militantes enraivecidas também se levantou – será que não era a mesma pessoa? - cobrando do aluno uma postura revolucionária e questionadora, que não reproduzisse o modelo ocidental e alienado (novamente os manjados adjetivos em série). O estudante explicou, com paciência e educação, seus intentos. Todos os que estavam ali para debater e aprender continuaram compartilhando experiências, o que não podia ser dito de quem fora lá para destilar sua dose diária de ódio revolucionário.


A maioria dos estudantes e professores é inteligente demais para cair nessa conversa mole ou para acatar a destruição ideológica de sua profissão sem repulsa; mas a pregação odienta não cessa, e a militância segue insistente e furiosa, patrocinada por gordas verbas estatais e dirigidas pelos marotos intelectuais orgânicos gramscianos.

Aos poucos, médicos e estudantes caem na cilada de achar que a medicina pode ser o que quiserem, que a medicina pode ser um joguete na mão de ideólogos exaltados e raivosos que no fundo estão a pensar somente em suas revoluções, enquanto o paciente sofre com sua doença.

Alguns caem na cilada de achar que a medicina se reduz a mero instrumento de um projeto político de tomada e controle de poder, projetando nos outros o que anima o próprio coração repleto de maquiavelismo tosco.

Priorizar agendas revolucionárias no lugar da verdadeira medicina acabará por destruí-la, ferindo justamente o elemento mais frágil de toda a situação: o paciente que tanto necessita de ajuda qualificada.

Aceitar o papel de inocente útil ideológico e transformar a saúde humana em guerra ideológica equivale a assinar o atestado de óbito da profissão médica enquanto se despreza o bem alheio. O que permite ao médico promover o bem é a adesão à realidade do seu paciente, à realidade de sua profissão e aos valores atemporais, vivendo acima dos rasos e mesmerizantes conflitos ideológicos movidos por interesses alheios.

A medicina não é compatível com qualquer ideologia. Ou exercemos a medicina para valer e defendemos sua identidade contra esses ataques ideológicos, de forma consistente e valorosa, pagando o mal como bem, ou nos submeteremos às pressões da hora e sucumbiremos perante à horda do ódio. Temos que ser prudentes como a serpente diante dos maus, e símplices como as pombas diante do que precisam de ajuda.

Esses militantes que compõem a despersonalizante e agressiva horda ideológica comprovaram uma simples e assustadora verdade em todas as ocasiões nas quais convenceram as massas e os médicos de seus intentos, subjugando a profissão a ideologias toscas: abandonar o projeto hipocrático leva ao derramamento do sangue inocente dos mais frágeis aos borbotões.

Elemento essencial desse projeto hipocrático é servir aos valores tradicionais da beneficência e ao paciente, sem ceder à despersonalizante tentação da servidão ao Estado ou a ideologias excêntricas.

Quem avisa amigo é!

Hélio Angotti Neto

22 de agosto de 2017, Colatina, ES.




[1] ILLICH, Ivan. A Expropriação da Saúde. Nêmesis da Medicina. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1975.
[2] MORGENSTERN, Flávio. Por Trás da Máscara - do Passe Livre Aos Black Blocs, As Manifestações Que Tomaram As Ruas do Brasil. São Paulo: Editora Record, 2015.
[3] CANCIAN, Natália & URIBE, Gustavo. Médico tem que parar de fingir que trabalha, diz ministro da Saúde. Folha de São Paulo. Internet, http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/07/1900934-medico-tem-que-parar-de-fingir-que-trabalha-diz-ministro-da-saude.shtml ; CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. CFM rebate declarações do Ministro da Saúde contra médicos brasileiros. CFM – Conselho Federal de Medicina. 15 de Março de 2017. Internet, https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=26777:2017-03-15-19-21-57&catid=3

O RETORNO DA VERDADEIRA DIREITA?

O RETORNO DA VERDADEIRA DIREITA

O livro de Daniel Friberg aborda um tema que promete muitas outras publicações nos próximos anos: a reformulação da direita na política e na cultura ocidental após a agressiva e ominosa hegemonia esquerdista.[1]


A esquerda, ligada essencialmente à Mentalidade Revolucionária de raízes socialistas e acomodada com a hegemonia cultural, política e econômica alcançada nas últimas décadas, encontra-se em franca crise, abrindo um vácuo que, potencialmente, pode alterar radicalmente a situação política nas próximas décadas.

Porém, antes de falar da queda da esquerda, cabe seguir o autor em sua descrição da queda da direita. Olhando um pouco mais no passado, Friberg destaca os fatores que levaram à queda da antiga direita, que comento a seguir.

Segundo o autor, a derrota e a demonização do nazismo pela esquerda serviu como instrumento de queda da direta. Colocar o nazismo ligado à direita é uma fraqueza do livro, que já começa com uma falha de concepção grave ao assumir a manipulação discursiva empurrada pelos estrategistas stalinistas ao jogar Adolf Hitler no colo de conservadores e liberais, uma das mais toscas manipulações do século passado.

As raízes políticas e a forma mentis nazista são muito mais próximas da esquerda do que da direita, considerando o aspecto conservador ou liberal desta e o revolucionário socialista daquela. Para comparações, recomendo um autor que aborda o tema com muito mais competência e com a sobriedade necessária: Vladimir Tismaneanu, em sua magnífica obra O Diabo na História.[2]


Seria muito mais acurado dizer que, em parte, a direita caiu por ser alvo de uma das mais bem-sucedidas campanhas de destruição de reputação já elaboradas a nível global. Técnica desenvolvida e aplicada com extrema habilidade por revolucionários socialistas.[3]

Outro fator importante para a queda da direita a nível global, desta vez corretamente exposto por Daniel Friberg, foi a marcha gramsciana para dentro das instituições[4], usurpando a mídia, a cultura e os sistemas educacionais - pilares fundamentadores de nossos pensamentos e opiniões.

A mudança estratégica, abandonando em parte o uso marxista-leninista-stalinista da violência e assumindo a postura insidiosa e manipuladora de Gramsci e da Escola de Frankfurt, foi decisiva para o sucesso das últimas décadas em extirpar a direita do mapa político efetivo.

A nomeação de Paulo Freire, um ideólogo vulgar, como patrono da educação brasileira[5] é um distante e pálido reflexo tupiniquim da genialidade das iniciativas de Antônio Gramsci e de pensadores do calibre de Herbert Marcuse e Gyorgy Lukács, que criaram novas e eficazes cabeças para a Hidra Vermelha.[6]

O abandono estratégico dos matizes mais violentos, pelo menos de forma temporária e parcial, desarmou mentalmente a população e permitiu a ascensão da esquerda ao poder de forma pacífica, sem criar resistência. Mesmo que a semente da tirania ainda faça parte do genótipo esquerdista revolucionário, como se vê no apoio de políticos brasileiros à ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela[7], tal face encontra-se maquiada por elementos culturais diversos.

Friberg acusa a substituição da análise histórica de Marx pelo sentimentalismo, o que, aos poucos, serviu para enfraquecer a capacidade de defesa contra a destruição da liberdade individual abrindo espaço para o avanço do Estado na vida privada.

Parte do empreendimento cultural da esquerda é definir ideologicamente o que é a direita foi, o que reduz o valor político desta a praticamente nada a não ser pretexto para ofensas e discriminação. Segundo Friberg, a direita sueca, os Tories e os republicanos do Estados Unidos são patéticos, e pouco compreendem da dialética revolucionária.

A restrição de escolhas empurrada pela esquerda sobre a discussão política - nazi-fascismo, liberalismo de livre mercado e utopia de esquerda - é uma falsa tricotomia. Daí o título: A Volta da Verdadeira Direita (The Real Right Returns – a Handbook for the True Opposition), demonstrando que uma nova opção começa a despontar no horizonte.

No livro, alguns conceitos importantes são ressaltados. Talvez o mais importante seja o de Metapolítica, que é uma guerra de transformação social, ao nível de cosmovisão, pensamento e cultura, que na obra de Olavo de Carvalho seria o tipo de poder cultural ou espiritual[8], o mais insidioso e mais duradouro de todos os poderes. É no campo da influência cultural e intelectual que os rumos dos povos serão decididos por décadas a seguir.

Do ponto de vista histórico e conceitual, diversas outras obras cumprem melhor o que Daniel Friberg se propõe a fazer. Em termos de análises culturais e históricas de qualidade, Olavo de Carvalho no Brasil e Roger Scruton no exterior estão a anos luz de distância à frente de Friberg, oferecendo instrumentos e informações muito mais precisas e aplicáveis. Em termos de estratégia, a direita americana tem dado exemplos significativos de que aprendeu a reagir contra os revolucionários, como pode ser observado nos esforços de Ben Shapiro, David Horowitz, Jeffrey Nyquist e do finado Andrew Breitbart.

Embora o livro toque em assuntos interessantes, eu não recomendaria, a princípio, sua leitura para brasileiros interessados em saber melhor o que é a verdadeira direita ou a pretensa nova direita. Há exemplos melhores e mais valiosos de brasileiros aptos a tecerem análises importantes nesse campo de estudo, como Felipe G. Martins, Benedito Barbosa, Flávio Gordon, Silvio Grimaldo e muitos outros que despontaram na última década, além da obra magistral que originou toda a quebra da hegemonia intelectual da esquerda no Brasil: os livros e cursos de Olavo de Carvalho.

Contudo, do pequeno livro de Friberg podem ser tiradas algumas lições curiosas e de utilidade geral.

COMO LIDAR COM A QUEDA DA ESQUERDA?

Mesmo que esteja em queda, tendo perdido a hegemonia intelectual, a esquerda ainda se contorce, tal qual a serpente decapitada. Em suas mãos ainda repousa a hegemonia cultural – reflexo inferior e distante da hegemonia intelectual -, a econômica e a política.

Após dominar os meios de poder institucionais, a esquerda nunca perde tempo, e concentra esforços para perseguir e destruir seus opositores, de dentro e de fora das instituições. No Brasil, só para citar um exemplo, o governo petista soltou uma lista de indesejáveis na mídia, algo que pode inclusive incitar agressão contra os “inimigos” do partido por meio de sua militância, reconhecida nacionalmente por sua intolerância e por sua cega devoção ao partido. Nada interessa mais à esquerda do que o monopólio da comunicação e da educação, incluindo as redes sociais e a Internet como um todo. Apontar e ameaçar jornalistas de oposição, como instrumento de manutenção do domínio cultural, é uma técnica perigosa e extremamente agressiva.[9]

Por que tanta vontade em controlar a mídia alternativa? Porque a realidade recente é que a mídia oficial (mainstream media) está em franca decadência, cedendo cada vez mais espaço às mídias alternativas como a Internet. E muitas destas mídias alternativas são claramente de direita.

Friberg oferece algumas sugestões para fugir à perseguição da esquerda, inclusive nos meios de mídia:

1 – Sem comentários: não ceda espaço e oportunidade de distorcer suas palavras aos entrevistadores enviesados da esquerda manipuladora. Não dê pano para a manga.

2 – Dê as boas-vindas que “eles” merecem: recepcione pessoas que não foram convidadas de formas desagradáveis, deixando bem claro que elas passaram dos limites.

3 – Negue tudo o que for acusado, descontextualizado ou distorcido. Ameace de processo se for publicado inadequadamente. Aceitar a distorção da informação é uma concessão estratégica inaceitável, e alimenta perigosas mentiras.

4 – Processe, processe, processe. Reúna material processual sempre!

5 – Boicote a mídia esquerdista.

6 – Dê à mídia manipulada o seu próprio remédio. Denuncie as perseguições e os erros.

7 – Estigmatize aqueles que tomaram parte na guerra cultural destruindo a civilização e boicote todos em futuras oportunidades de emprego ou promoção.

8 – Construa redes!

9 – Torne-se público.

10 – Não parar, criticar sempre, nunca retroceder, nunca desistir.

DICAS PARA HOMENS E MULHERES DE DIREITA

A esquerda está dizimando os “homens de verdade”, fiéis às tradições da honra, da coragem e da constância. Homens de direita são os defensores das famílias, da pátria e da civilização, segundo Friberg. Ele oferece algumas dicas que enxerga como básicas:

1 – Seja capaz de se defender fisicamente. Lute! Dica preciosa considerando o hábito de manifestações violentas e de depredação que as esquerdas nunca temem em executar.

2 – Não ceda ao vocabulário e às idéias esquerdistas. Ceder ao vocabulário da esquerda é restringir seu mundo mental e jogar pelas regras de quem quer te dizimar.

3 – Seja um Cavalheiro.

4 – Mulheres e homens são melhores em diferentes contextos. Conforme-se com a presença mais rara de mulheres na política e na Defesa, por exemplo.

5 – O foco é ser um bom homem. Não é achar uma boa mulher (isso é consequência).

6 – Seja um líder.

Para as mulheres, Friberg recomenda que não acreditem na igualdade, pois ela impõe à mulher o modelo masculino e nega a essência feminina. Eis suas dicas: Tenha muitos filhos! Valorize sua honra, respeite-se. Seja feminina.

CORAGEM, OPOSIÇÃO INTELIGENTE E FONTES DE ESTUDO

O que alguns chamam hoje de marxismo cultural – sem dúvida um estranho oximoro, ou assim pensaria Marx - tende a demonizar idéias e opiniões contrárias à ideologia esquerdista. Uma oposição disposta a encarar de frente o marxismo cultural precisa estudar, forjar um caráter firme e ganhar coragem no campo de batalha, seja na cultura, seja na política, compreendendo que fragilidade diante de um oponente que lhe quer mal só atrairá desprezo.

Pessoalmente, entendo que qualquer um que deseja conhecer um pouco da política sem ser um mero boneco de ventríloquo precisa ler de todas as fontes e ater-se à realidade. Repetir o discurso alheio é, de fato, algo que só pode colaborar para o enfraquecimento da individualidade. Atualmente, o discurso alheio mais repetido e mais emburrecedor é justamente aquele que se propõe a ser rebelde e inovador, tão utilizado pelas esquerdas ao longo de décadas, mas incapaz de enganar a todos por muito tempo.

É preciso ler von Mises, Marx e Scruton. É preciso ler Olavo de Carvalho e ficar atento à quilométrica lista de livros apontados em seus cursos. Cultura política se ganha com décadas de estudo e preparação, e com a coragem de enxergar aquilo que todos não querem ver, de falar aquilo que ninguém quer escutar e de trabalhar em situações e locais inóspitos.

Por mais que seja um livro interessante, creio que o público principal pertence à Europa. No Brasil, e mesmo na Europa, encontro referências muito melhores e mais profundas, como aquelas já citadas.

Sobre querer rotular-se como “de direita” ou “de esquerda”, a própria direita conservadora costuma repudiar rótulos ideológicos, tratando sua disposição política muito mais como um costume que gera virtudes do que como uma fidelidade ideológica definida.[10] Deixo um antigo alerta de Ortega y Gasset: “Ser de esquerda, como ser de direita, é uma das infinitas maneiras que o homem pode eleger para ser um imbecil: ambas são, de fato, formas de hemiplegia moral”. Eis um alerta bem conservador.

Hélio Angotti Neto, 22 de agosto de 2017, Colatina – ES.






[1] FRIBERG, Daniel. The Real Right Returns. A Handbook for the True Opposition. London: Arktos, 2015.
[2] TISMANEANU, Vladimir. O Diabo na História. Comunismo, Fascismo e Algumas Lições do Século XX. Campinas, SP: Vide Editorial, 2017.
[3] PACEPA, Ion Mihai; RYCHLAK, Ronald J. Desinformação. Ex-Chefe de Espionagem Revela Estratégias Secretas para Solapar a Liberdade, Atacar a Religião e Promover o Terrorismo. Campinas, SP: Vide Editorial, 2015.
[4] CARVALHO, Olavo de. A Nova Era e a Revolução Cultural. Fritjof Capra & Antonio Gramsci. 4ª Edição Revista e muito aumentada. Campinas, SP: Vide Editorial, 2014.
[5] GIULLIANO, Thomas (Editor). Desconstruindo Paulo Freire. São Paulo: Editora Expressa, 2017.
[6] AZAMBUJA, Carlos Ilich Santos. A Hidra Vermelha. Observatório Latino, 2016.
[7] ROSSI, Marina. Do PT ao PSOL, esquerda do Brasil poupa Maduro de críticas e apoia Constituinte. Apesar da escalada da violência em Caracas, partidos defendem que nova Carta é "via democrática". Manifesto de intelectuais de esquerda inclui brasileiros e critica "cegueira ideológica" de apoiadores. El País. São Paulo, 30 de julho de 2017. Internet, https://brasil.elpais.com/brasil/2017/07/28/politica/1501262473_019811.html
[8] CARVALHO, Olavo de; DUGIN, Alexander. Os EUA e a Nova Ordem Mundial. Um debate entre Alexandre Dugin e Olavo de Carvalho. Campinas, SP: Vide Editorial, 2012.
[9] CANTALICE, Alberto. A desmoralização dos pitbulls da grande mídia. Três vezes derrotados nos pleitos presidenciais, por Lula e Dilma e o PT, os setores elitistas albergados na grande mídia, ao se verem na iminência do quarto revés eleitoral, foram… 16/06/2014 16h01 - atualizado em 21/06/2016 16h15. Página do Partido dos Trabalhadores. Internet, http://www.pt.org.br/alberto-cantalice-a-desmoralizacao-dos-pitbulls-da-grande-midia/ . Comentários foram feitos por diversos jornalistas, incluindo um dos enunciados na lista negra: MAGNOLI, Demétrio. A lista do PT. A personificação dos ‘inimigos da pátria’ é um truque circunstancial: os nomes podem sempre variar, ao sabor das conveniências. Internet, https://oglobo.globo.com/opiniao/a-lista-do-pt-12915771 .
[10] KIRK, Russel. A Política da Prudência. São Paulo: É Realizações, 2013.

sábado, 5 de agosto de 2017

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

SOBRE A PESQUISA EM CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS

O bom leitor entenderá as implicações...


"As células-tronco reprogramadas são produzidas artificialmente pela modificação genética de células normais adultas, por meio da introdução de genes que revertem a célula a um estágio indiferenciado. São chamadas de células-tronco de pluripotência induzida (IPS). São relativamente fáceis de produzir do próprio paciente, sem complicações éticas. Aliás, o prêmio Nobel de Medicina de 2012 foi concedido para dois pesquisadores que descobriram que células maduras podem ser reprogramadas para se transformar em células pluripotentes, como as células-tronco embrionárias: o biólogo britânico John Gurdon, da Universidade de Cambridge, e o médico japonês Shinya Yamaka, da Universidade de Kyoto."


BETIOLI, Antonio Bento. Bioética. A Ética da Vida. São Paulo: LTR Editora, 2015, p. 166.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

OFICINA DO SEFAM EM PORTO ALEGRE

OFICINA DO SEFAM EM PORTO ALEGRE! 


HUMANIDADES MÉDICAS, BIOÉTICA E FILOSOFIA DA MEDICINA


No Congresso Brasileiro de Educação Médica, que acontecerá de 12 a 15 de outubro de 2017 na belíssima Porto Alegre (Centro de Eventos da PUC), ocorrerá uma oficina especial sobre Humanidades Médicas, Bioética e Filosofia da Medicina!

Serão somente 40 vagas, e será realizada na manhã e na tarde do dia 12, durante o pré-congresso.

Objetivo

Apresentar opções de formação humanística do aluno de medicina e cenários atrativos para o docente. É de suma importância o preparo humanístico dos médicos sem vulgarizar o preparo científico e sem menosprezar a complexidade real da área de humanas. Como inserir o ensino de Humanidades Médicas no curso médico? Como desenvolver projetos adequados? Qual conteúdo abordar? Tais questionamentos serão levantados e alguns exemplos serão demonstrados. Um exemplo prático é a Tríplice Aproximação às Humanidades Médicas desenvolvida no UNESC por meio do Seminário de Filosofia Aplicada à Medicina, da Metodologia Ativa de Aprendizagem Baseada em Problemas e da Liga Acadêmica de Humanidades Médicas, no contexto de assistência, educação e pesquisa promovendo a aprendizagem das humanidades em todas as suas formas discursivas. Durante a oficina, serão discutidos também importantes temas da área de Humanidades Médicas, Bioética, Ética Médica e Filosofia da Medicina.

Assuntos abordados:

- O Desafio da Aprendizagem das Humanidades Médicas: contextos

- Ensino, Pesquisa e Extensão em Humanidades Médicas e Bioética

- Os Quatro Discursos Aristotélicos na Medicina

- Retórica, Argumentação e Erística

- Literatura, Cinema, Artes e Medicina

- Fundações culturais da Medicina

- A Relação Médico-Paciente na obra de Edmund Pellegrino

FILOSOFIA E POLÍTICA

Em breve, o primeiro de vários cursos nas áreas de filosofia, história, teologia, política e estratégia.