quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

LEITURAS DE 2018

Leituras de 2018


FILOSOFIA
1 - Filosofia Verde– Roger Scruton
2 – A República– Platão
3 – Cosmovisão: A História de um Conceito – David Naugle
4 – Filosofias da Afirmação e da Negação– Mário Ferreira dos Santos
5 – O Trabalho Intelectual– Jean Guitton
7 – Filosofia Concreta dos Valores – Mário Ferreira dos Santos
8 – Dao De Jing. O Livro do Tao – Lao Zi.
9 – Fools, Frauds and Firebrands. Thinkers of the New Left – Roger Scruton 
10 – As Leis– Platão
11 – A Arte de Viver– Epitecto
12 – Medical Philosophy. Conceptual Issues in Medicine – Mario Bunge
13 – Origem e Epílogo da Filosofia– José Ortega y Gasset
14 – Textos Básicos de Ética. De Platão a Foucault – Danilo Marcondes
15 – Fundamentals of Ethics – John Finnis
16 – As Armadilhas da Lingugem – Danilo Marcondes 

MEDICINA GERAL E CIÊNCIAS
1 - Manual Politicamente Incorreto da Ciência – Tom Bethell
2 – Sociologia da Medicina – Gilberto Freyre

BIOÉTICA E HUMANIDADES MÉDICAS
1 – Diretivas Antecipadas de Vontade – Rui Nunes
2 – A Short History of Ethics. A History of Moral Philosophy from the Homeric Age to the Twentieth Century – Alasdair MacIntyre 
3 – Contra o Aborto – Francisco Razzo
4 – Fundamentos da Logoterapia na Clínica Psiquiátrica e Psicoterapêutica – Roberto Rodrigues
5 – Por Que Ética É Mais Importante Que Religião. Dalai Lama e Franz Alt.
6 – Comentários ao Código de Ética Médica. Resolução CFM 1.931, de 17 de setembro de 2009 – Eduardo Dantas e Marcos Coltri
7 – Methods in Bioethics. The Way We Reason Now. – John D. Arras
8 – Arte Médica – Hélio Angotti Neto 
9 – Ética – Adolfo Sánchez Vázquez
10 – The Philosophy of Medicine Reborn: A Pellegrino Reader – Edmund D. Pellegrino
11 – Disbioética. Volume II: Novas Reflexões sobre os rumos de uma ética estranha. – Hélio Angotti Neto.
12 – Disbioética Volume III: O Extermínio do Amanhã – Hélio Angotti Neto 
13 – Para o Bem do Paciente. A Restauração da Beneficência nos Cuidados da Saúde – Edmund D. Pellegrino & David C. Thomasma.
14 – Bioética Global – Van Rensselaer Potter
15 – O que você precisa saber sobre o Aborto – George Mazza
                             
POLÍTICA E HISTÓRIA
1 - O Diabo na História: Comunismo, Fascismo e Algumas Lições do Século XX – Vladimir Tismaneanu
2 – O Tolo & seu Inimigo - Jeffrey Nyquist
3 – Holocausto Brasileiro – Daniela Arbex
4 - Impressões da Idade Média – Ricardo da Costa
5 – Freud – Rousas John Rushdoony
6 – A questão da Culpa: A Alemanha e o nazismo – Karl Jaspers
7 – Os Histéricos no Poder – Olavo de Carvalho
8 – Churchill e a Ciência por trás do Discurso – Ricardo Sondermann
9 – A Ciência da Política: Uma Introdução – Adriano Gianturco
10 – Educação: Livre e Obrigatória – Murray N. Rothbard
11 – Do Partido das Sombras ao Governo Clandestino – David Horowitz e John Perazzo
12 – Guerra de Narrativas. A Crise Política e a Luta pelo Controle do Imaginário – Luciano Trigo.
13 – Direitos Máximos, Deveres Mínimos. O Festival de Privilégios que Assola o Brasil – Bruno Garschagen
14 – O Estado e a Revolução – Vladímir Ilitch Lênin
15 – Política para não ser Idiota – Mario Sergio Cortella & Renato Janine Ribeiro

TEOLOGIA
1 - A Sabedoria da Antiga Cosmologia – Wolfgang Smith
2 – O Nascimento do Rei: Um Livro sobre o Natal – Andrew Sandlin
3 – Cristianismo Público. Evangelho e Lei – Andrew Sandlin
4 – Em toda a extensão do Cosmos – Abraham Kuyper
5 – Cristianismo sem Cristo – Michael Horton
6 – A Presença Real e os Milagres Eucarísticos – Monsenhor de Ségur
7 – Bíblia – Novo Testamento: Os Quatro Evangelhos – Frederico Lourenço
8 – Movimento da Liberdade: os 500 anos da reforma – Michael Reeves
9 – Deus é contra os homossexuais? – Sam Alberry
10 – O Catecismo de Pierre Viret – Pierre Viret
11 – O quê e por quê? Uma introdução ao cristianismo – Douglas Jones
12 – A Desgraça do Ateísmo na Economia – P. Andrew Sandlin
13 – O Combate Central da Reforma. A Fé Confessante – Jean-Marc Berthoud
14 – Calvino, Genebra & a Propagação da Reforma na França do Século XVI – Jean-Marc Berthoud
15 – Guerra de Cosmovisões – Editor Gary Vaterlaus e vários autores.
16 – A Vida Segundo o Evangelho – Michael Horton
17 – A Filosofia Cristã da Alimentação – Peter Bringe
18 – A Arte de Profetizar – William Perkins
19 - Perspectivas Bíblicas sobre Negócios. Como a cosmovisão cristã molda nossos fundamentos econômicos. – Philip Clements et al.
20 – A Grande Batalha Escatológica – Leandro Lima
21 – Uma Religião sem Deus: Os Direitos Humanos e a Palavra de Deus – Jean-Marc Berthoud.
22 – Amnésia Cultural. Três ensaios sobre a teologia dos dois reinos – Brian Mattson
23 – Adoração Reformada. A Adoração Segundo as Escrituras. – Terry L. Johnson

LITERATURA
1 – A Hora da Estrela – Clarice Lispector
2 – Até que Tenhamos Rostos. A Releitura de um Mito – C. S. Lewis
3 – Uma Confissão – Liev Tolstói
4 – Notas da Xícara Maluca – N D Wilson
5 – Arte Poética – Horácio
6 – O que aprendi em Nárnia – Douglas Wilson
7 – A Descoberta do Outro – Gustavo Corção
8 – Com a Maturidade fica-se mais jovem – Herman Hesse
9 – Poética – Aristóteles 
10 – O Messias vem à Terra Média. Imagens do Tríplice Ofício de Cristo em O Senhor dos Anéis. – Philip Ryken
11 – A Literatura como Remédio – Dante Gallian
12 – Sobre a Estupidez – Robert Musil 

PSICOLOGIA, EDUCAÇÃO, LIDERANÇA E GESTÃO
1 – Estratégia. Harvard Business Essentials – Richard Luecke
2 – 12 Rules for Life – Jordan Peterson
3 – Inevitável. As 12 forças tecnológicas que mudarão nosso mundo – Kevin Kelly
4 – Gerenciando Mudança e Transição. Harvard Business Essentials – Mike Beer
5 – Treine o seu Cérebro para Provas – Augusto Cury
6 – A Neurobiologia do Aprendizado na Prática. Ana Paula Rabello Chaves
7 – Evasivas Admiráveis. Como a Psicologia Subverte a Moralidade – Theodore Dalrymple
8 – 20 Regras de Ouro para Educar Filhos e Alunos – Augusto Cury
9 – Formação em Medicina no Brasil: Cenários de prática, graduação, residência médica, especialização e revalidação de diplomas – Conselho Federal de Medicina.
10 – De Magistro– Santo Agostinho e São Tomás de Aquino
11 – A Educação da Vontade– Jules Payot
12 – Ética e Vergonha na Cara! – Mario Sergio Cortella e Clóvis de Barros Filho
13 – Ensino Híbrido. Personalização e Tecnologia na Educação – Lilian Bacich, Adolfo Tanzi Neto e Fernando de Mello Trevisani.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

O ESTADO COMO PARTE DA REVOLUÇÃO

O ESTADO COMO PARTE DA REVOLUÇÃO
Comentários sobre O Estado e a Revolução, de Vladímir Ilitch Lênin

LÊNIN, Vladímir Ilitch. O Estado e a Revolução. São Paulo, SP: Boitempo, 2017, 214p.

Lênin foi, sem dúvida, um dos grandes intérpretes e aplicadores da obra de Karl Marx e Friedrich Engels. Assim, pelo menos, creem vários dos grandes nomes dentro do próprio movimento revolucionário. Para György Lukács, “Lênin restabeleceu a pureza da doutrina marxiana”. Considerando a forma da revolução, uma das estrelas contemporâneas do movimento revolucionário, Slavoj Zizek, preconiza que “mais do que nunca, devemos voltar a Lênin (...) – a intervenção deve ser verdadeiramente política, não econômica”. 

Portanto, antes que algum desinformado venha com a conversa de que “deturparam” Karl Marx pela milionésima vez, vou deixar claro que Lênin aplicou de forma fiel o que Marx e Engels pregavam, e sua sangrenta prática política revolucionária ainda é louvada, ainda mexe com o ideário marxista contemporâneo e ainda oferece caminhos, como a própria comentarista da edição recente de O Estado e a Revoluçãoafirma: 

(...) mais do que nunca, e principalmente para as novas gerações, os clássicos do marxismo são necessários. E, se Lênin é um companheiro nesta caminhada, sua obra é um farol que nos ajuda na travessia – com sua coesão, sua fidelidade aos fundadores do materialismo dialético, sua consciência dos limites da ação, seu destemor diante de passos ousados, sua firmeza diante da tarefa de guiar os camaradas, sua denúncia dos que se venderam por um prato de lentilhas.[1]

Sim, toda a violência e a ânsia pelo extermínio continua em voga. Pode ser que o polido verniz da democracia burguesa ainda impeça que estudiosos marxistas hoje falem abertamente da forma como Lênin e Marx falavam no passado. Contudo, lá no fundo, muitos deles guardam a velha esperança de ver o sistema estatal cair em suas mãos definitivamente, para que possam promover a ditadura do proletariado que, sugestivamente, mistura soldados e proletários. Todavia, na prática histórica, sofreram tanto os burgueses quanto os proletários nas mãos armadas da elite revolucionária, ainda mais desigual, ainda mais tirana e ainda mais corrupta do que qualquer burguesia precedente.[2]

No seu pequeno livro, Lênin reúne algumas teses clássicas do pensamento revolucionário marxista: (1) O socialismo é um primeiro passo no qual o Estado é tomado pelos proletários, (2) o capitalismo é quem leva à sua própria destruição, (3) a burguesia deve ser suprimida por meio da violência armada e (4) após o socialismo instalado, virá uma era verdadeiramente comunista, na qual a regra será “de cada um segundo suas capacidades, a cada um segundo suas necessidades.”

Contrariando os socialistas que tentam redimir a imagem de Marx, Engels e Lênin, a linguagem é clara: a violência é o caminho. A derrubada da burguesia tem que ser violenta, enquanto o definhamento do Estado ocorrerá entre o socialismo e o tão sonhado comunismo.

Já dissemos, e mostraremos mais detalhadamente na exposição a seguir, que a doutrina de Marx e Engels sobre a inevitabilidade da revolução violenta refere-se ao Estado Burguês. Este não pode ser substituído pelo Estado proletário (pela ditadura do proletariado) pela via do “definhamento”, mas apenas, como regra geral, por meio da revolução violenta.[3]

A substituição do Estado Burguês pelo proletário é impossível sem a revolução violenta. A extinção do Estado proletário, ou seja, a extinção de todo o Estado, é impossível de outro modo senão por meio de seu definhamento.[4]

A visão leninista do Estado tem caráter pragmático, reconhecendo seus aspectos coercitivos e nocivos, como também fazem os liberais, em certa medida. Todavia, por outro lado, Lênin e seus descendentes revolucionários desejam instrumentalizar o Estado para a tomada e a manutenção do poder. Esse uso do Estado para suprimir violentamente outras classes não foi um experimento teórico, foi um experimento prático que realmente levou à morte mais de cem milhões de pessoas na União Soviética e na China Maoísta. 

O Estado é a organização especial do poder, é a organização da violência para a repressão de uma classe qualquer. (...) Os trabalhadores precisam do Estado apenas para reprimir a resistência dos espoliadores e dirigir essa repressão, trazê-la à vida; apenas o proletariado está e condições de fazer isso, como única classe revolucionária até o fim, única classe capaz de unir todos os trabalhadores e explorados na luta contra a burguesia, por seu completo afastamento.[5]

O anseio pela tomada do Estado é algo que permanece no movimento revolucionário desde suas origens. Em formulações posteriores como a de Antônio Gramsci, o foco pode sair um pouco da política – como era no caso de Lênin – e caminhar para a instrumentalização da cultura; contudo, o Estado ainda é a peça-chave.

O Brasil é um exemplo recente de tomada cultural de Igrejas, Escolas e Universidades para ascensão política posterior e uso do aparelho de Estado para fortalecimento próprio e desenvolvimento de um processo de feedbackpositivo entre meios culturais, políticos e econômicos para a criação da hegemonia. O Partido dos Trabalhadores teve a estratégia e a paciência de pôr em prática a Grande Marcha Para Dentro das Instituiçõese fazer uso descarado do Estado para enriquecer e se estabelecer por anos no poder. Para a sorte do povo brasileiro, o projeto de violência política não foi iniciado, mas o processo de vitimização própria como justificativa para agressão contra o outro emplacou totalmente, uma prescrição leninista que justificava o extermínio com base na busca de justiça pelo sofrimento de uma classe espoliada.

As classes espoliadas precisam do domínio político em nome do interesse da completa extinção de toda a espoliação, ou seja, do interesse da imensa maioria do povo contra a minoria insignificante dos escravistas contemporâneos, ou seja, os latifundiários e os capitalistas.[6]

Muito interessante é que no Brasil do Partido dos Trabalhadores, a elite política e seus asseclas que se intitulavam pertencentes à classe dos trabalhadores – mesmo que nunca tenham de fato trabalhado, na concepção real do termo – uniram-se justamente aos maiores empresários do país, montando a maior teia de corrupção e evasão de divisas públicas da nossa história e talvez da história mundial.

Em uma manobra que não guarda nada de imprevisibilidade, os que se diziam “espoliados” uniram-se aos muito fortes e instrumentalizaram os fracos para obliterar cada vez mais a classe do meio. Um clássico mecanismo de concentração de poder tirânico prescrita desde Platão e descrita de forma excelente por Bertrand de Jouvenel.[7]

Friedrich Engels, citado por Lênin, somente reforça o sentimento de autoritarismo necessário para o empreendimento da revolução:

Uma revolução e certamente a coisa mais autoritária que há; é o ato pelo qual uma parte da população impõe à outra parte sua vontade por meio de espingardas, baionetas e canhões, ou seja, por meio autoritários por excelência; e o partido vitorioso, se não quer ter combatido em vão, deve continuar esse domínio com o terror que as suas armas inspiram aos reacionários.[8]

A ideia leninista de que há duas fases, uma socialista e uma comunista, repete-se em outras obras suas como Socialismo, Doença Infantil do Comunismo. Mas o que se vê ao lançar os olhos sobre a história dos últimos dois séculos, é um socialismo que se implanta e invariavelmente estagna, pois, na prática, após mais de um século de sangrentos experimentos sociais, o comunismo continua servindo somente como ópio para os intelectuais e moedor de carne contra as massas.

Assim, na primeira fase da sociedade comunista (que se costuma chamar socialismo), o “direito burguês” não é abolido completamente, mas apenas em parte, na medida em que a revolução econômica foi realizada, isto é, apenas no que diz respeito aos meios de produção. O “direito burguês” atribui aos indivíduos a propriedade privada daqueles. O socialismo faz deles propriedade comum. É nisso – e somente nisso – que o direito burguês é abolido.[9]

O aparelhamento socialista promovido no Brasil dentro do Supremo Tribunal Federal e toda a ideologia de distorção jurídica em prol da revolução confirmam a docilidade ainda presente frente às teses leninistas. Mesmo que nominalmente a propriedade continue privada, a cada dia mais regulamentações e impostos deixam bem claro que o proprietário cada dia mais pode ser reconhecido como proprietário de alguma coisa somente por concessão e “extrema bondade” do Estado, seu senhor. Mesmo que tenhamos leis, a cada dia os revolucionários de toga distorcem e torturam o texto para que lhes saia das páginas de papel exatamente o que mandam seus corações, já tão escravos de sua patota ideológica.

Talvez seja este o impedimento para uma aliança entre liberais e socialistas, como tanto desejou Murray Rothbard, contra os conservadores.[10]Os socialistas – eternas encarnações infantis dos comunistas, conforme Lênin – sempre estarão dispostos a usar e abusar profundamente do Estado, assim como sempre estarão dispostos a aumenta-lo indefinidamente, enquanto a própria ideia de um Estado grande desperta repulsa intensa e imediata nos bons liberais.

A “morte gradual do Estado” somente ocorreria, no discurso leninista, após a completa instalação da ditadura do proletariado socialista. Até esse ponto ainda jamais alcançado, o papel central do Estado é destruir certos componentes da população. Portanto, qualquer tentativa de creditar os terríveis massacres feitos pelos regimes socialistas mundo afora a pessoas que “não fizeram o socialismo direito” somente poderá ser fruto da extrema ignorância irresponsável ou do mais profundo cinismo. “Esmagar” pessoas sempre foi a meta dos clássicos marxistas e leninistas.

O Estado morre na medida em que não há mais capitalistas, em que não há mais classes e, por isso, não há mais necessidade de esmagar nenhuma classe.[11]

E esse banho de sangue, no seu ápice extremo, finalmente levará ao paraíso terrestre, pois

O Estado poderá desaparecer completamente quando a sociedade tiver realizado o princípio “de cada um segundo suas capacidades, a cada um segundo suas necessidades”.[12]

Essa promessa de uma consumação escatológica dos tempos atuais para alcançar um estado de glória terrena é o que Eric Voegelin acusou de Imanentização do Eskathón.[13]É uma promessa de expectativa quase religiosa capaz de motivar as inversões da mentalidade revolucionária descritas pelo Filósofo brasileiro Olavo de Carvalho. Em prol de uma causa maravilhosa, o revolucionário em busca de concentração de poder julga a realidade sob três importantes inversões: 

1 - A inversão temporal, na qual se faz no presente aquilo que é considerado necessário para a concretização de um futuro certo; 

2 - A inversão moral, na qual se defende a realização de um ato cruel em prol de uma boa causa; 

3 - A inversão agente-objeto, na qual o praticante de determinado ato se vê como vítima da imperiosa necessidade histórica. 

E se você acha que os olhos sempre vigilantes do Big BrotherOrwelliano foram uma inovação stalinista, é porque não prestou atenção na antiga prescrição de onipresença estatal socialista. É curioso quando jovens socialistas dizem combater a opressão policialesca do Estado em prol da liberdade. Mal sabem eles que lutam pelo mais violento e opressor dos Estados. Ou, se sabem, são perigosos bandidos capazes de gerar grande mal e destruição na sociedade.

Até a chegada dessa fase superior do comunismo, os socialistas exigem a fiscalização rigorosa do trabalho e do consumo pela sociedade e pelo Estado, mas essa fiscalização deve começar pela expropriação dos capitalistas e ser exercida pelo Estado dos operários armados, não pelo Estado dos funcionários.[14]

Esse exercício do poder estatal pelos “operários armados” pode, inclusive, degenerar a condição de classe daqueles que ocupam o Estado em processo de definhamento. Lênin prevê a corrupção de alguns elementos revolucionários por causa do contato com a máquina burocrática do Estado arrancada das mãos da burguesia. É como se os revolucionários se tornassem aburguesados. 

(...) pessoas privilegiadas, desligadas das massas, colocadas acima das massas. Nisso reside a essência do burocratismo e, enquanto os capitalistas não forem expropriados, enquanto a burguesia não for derrubada, até esse momento é inevitável certa burocratização mesmo dos funcionários proletários.[15]

Em relação à tão querida democracia, palavra que incontáveis intelectuais usam com boca cheia e cérebro ausente, Lênin tece críticas formais ainda hoje reproduzidas com muita correção por bons cientistas políticos. Aliás, os anarcocapitalistas guardam, de forma semelhante, uma visão pragmática e pessimista da democracia, e têm sua boa cota de razão.[16]

A democracia é uma das formas, uma das variantes do Estado. Por consequência, como todo Estado, ela é o exercício organizado, sistemático, da coerção sobre os homens.[17]

A gradual transformação socialista da sociedade, inclusive, deve contar com a utilização daqueles mesmos que devem ser destruídos. Realidade também presente no Brasil, onde a burguesia docilmente oferece todas as armas que socialistas precisam para a oprimir e, por fim, destruir. 

(...) é totalmente impossível derrubar, de um dia para o outro, os capitalistas e os funcionários e substituí-los, no controle da produção e da repartição, no recenseamento do trabalho e dos produtos, pelos operários armados, pelo povo inteiro e armas.[18]

A progressiva estatização dos bens e a onipresença estatal foram elementos básicos na agenda política recente do Brasil, promovida pelo Partido dos Trabalhadores. Que muitos ainda tenham ousado chamar o Partido dos Trabalhadores de “direita”, só pode ser uma piada de mal gosto ou a completa ignorância política. Lênin já deixava claro em sua obra a necessidade de inchar a máquina estatal, exatamente como fez o partido no Brasil. Lênin só não previa ou deixava transparecer a pobreza generalizada e o grande risco que isso ofereceria a um país inteiro.

Contabilidade e controle – eis as principais condições necessárias para o funcionamento regular da primeira fase da sociedade comunista. Todos os cidadãos se transformam em empregados assalariados do Estado, personificado, por sua vez, pelos operários armados. Todos os cidadãos se tornam empregados e operários de um só “grupo econômico” nacional do Estado.[19]

Sobre a relação dos socialistas petistas brasileiros com tucanos – membros do PSDB –, é impossível não tecer uma analogia com a relação de amor e ódio entre radicais e moderados, mencheviques e bolcheviques, e até mesmo entre as incontáveis facções do movimento revolucionário. A tolerância com os membros mais radicais e a crítica contra aqueles que são moderados sempre foi vocação do movimento revolucionário, assim como a vontade dos moderados em serem vistos como puros de esquerda também sempre esteve presente. O resultado muitas vezes termina em banhos de sangue ou traições, mas esta é a natureza do mal: consumir a si mesmo até sua destruição. Lênin tece duras críticas aos demais revolucionários, que ousam vender sua ideologia à concepções burguesas como a vontade da maioria. O caminho do sucessor de Marx sempre foi a tomada violenta por uma elite revolucionária.

Kautsky passa do marxismo para os oportunistas, pois nele desaparece por completo justamente essa destruição da máquina de Estado, de todo inaceitável para os oportunistas, e deixa-lhes uma saída no sentido de interpretar a “conquista” como uma simples obtenção da maioria.[20]

Um verdadeiro revolucionário pode até atuar sob a democracia, mas a violência escatológica e imanente está lá. O sentimento de santidade pessoal, imaculada até mesmo pelos mais atrozes atos, permanece ainda hoje no imaginário dos tardios descendentes do marxismo e de seus ramos. Esses atos podem consistir de roubos bilionários que comprometem toda a qualidade de vida da massa populacional, facadas na barriga de concorrentes políticos – como a que aconteceu no 6 de setembro da Rua Halfeld, em Juiz de Fora, quando um radical de esquerda quase matou o presidente posteriormente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro – ou a emissão das mais descaradas mentiras em prol do projeto político.

Que os leitores atuais não se enganem. Lênin é um dos maiores estrategistas do movimento revolucionário mundial, ao lado de seu camarada Stálin. Sua obra é uma obra de alguém cruel, talvez até mesmo de um psicopata, mas não há como negar uma visão astuta de como agir em prol de sua utopia tirânica. Em especial, o seu livro que aqui é apresentado em alguns trechos, aborda uma questão bem contemporânea: como a elite socialista lida com o Estado, e por que não se espera tão cedo uma união efetiva entre socialistas e liberais.

Quanto ao estilo, Lênin possui uma escrita envolvente e empolgante, realmente capaz de impressionar, enganar e seduzir os mais tolos. Que tantos jovens que buscam a paz, como meta e como meio de ação, sintam-se inspirados por um monstro homicida como Lênin, ainda é assustador. Que tantos elementos famosos da sociedade brasileira e da Academia internacional comemorem a Revolução Russa, só pode ser um escárnio profundo contra as milhões de vítimas do sistema comunista de Marx, Engels, Lênin, Stálin e Mao. Que a leitura dos originais possa nos despertar do profundo sono em que nos encontramos para a dura realidade que encaramos dia após dia quando o assunto é elite política e ideologia.


Hélio Angotti Neto
10 de dezembro, Colatina - ES


[1]LÊNIN, Vladímir Ilitch. O Estado e a Revolução. São Paulo, SP: Boitempo, 2017, p. 195-196.
[2]VOLKOGONOV, Dmitri. Os Sete Chefes do Império Soviético. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
[3]LÊNIN, op. cit., p. 43-44.
[4]Ibid., p. 44.
[5]Ibid., p. 47.
[6]Ibid., p. 47.
[7]JOUVENEL, Bertrand de. Do Poder. História Natural de Seu Crescimento. São Paulo: Editora Peixoto Neto, 2010.
[8]ENGELS, Friedrich. Da Autoridade, p. 409-410.ApudLÊNIN, opcit., p. 86.
[9]LÊNIN,opcit., p. 119.
[10]ROTHBARD, Murray. Esquerda & Direita. Perspectivas para a Liberdade. Campinas: Vide Editorial, 2016.
[11]LÊNIN,opcit., p. 120.
[12]Ibid., p. 121-122.
[13]VOEGELIN, Eric. Modernity Without Restraint. The Political Religions, The New Science of Politics, and Science, Politics and Gnosticism. Columba: Missouri University Press, 2000.
[14]LÊNIN,opcit., p. 122.
[15]Ibid., p. 143.
[16]HOPPE, Hans-Hermann. Democracy. The God That Failed. New York: Routledge, 2001.
[17]LÊNIN,op. cit., p. 125.
[18]Ibid., p. 125.
[19]Ibid., p. 126.
[20]Ibid., p. 140.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Desmontando falácias abortistas - Parte 2: Caça ao Embrião

Desmontando falácias abortistas - Parte 2: Caça ao Embrião



Mentirinha: “Essa valorização do feto humano é um exagero. Chegamos ao absurdo de impedir a realização de grandes descobertas científicas que poderiam curar os mais terríveis males que assolam a humanidade por causa de uma preocupação sem sentido com embriões que poderiam ser utilizados para pesquisas com células-tronco embrionárias.”

Talvez uma das mais impressionantes formas de defender o extermínio humano por meio do aborto seja justamente colocá-lo ao lado do progresso científico que arroga para si o papel de redentor da humanidade acometida por terríveis males. Para os abortistas, o aborto se transforma em uma necessidade para que haja mais pesquisas “redentoras”.

É um apelo muito mais emocional do que racional a uma solução parcial para uma das coisas mais assustadoras na vida humana: o sentimento de finitude, muitas vezes acompanhado pelo medo do desconhecido e do sofrimento que a morte traz. Com o intuito de combater a morte, eis que surge novamente a nossa campeã, a maravilhosa ciência, parteira de tantos milagres humanos, e agora também utilizadora de embriões.

No passado não tão distante, esperava-se que, com a conclusão do Projeto Genoma, o ser humano pudesse ser reprogramado e a caixa de Pandora fosse escancarada para que cientistas alcançassem todos os mais loucos sonhos. Isso não se realizou. Descobrimos muitas outras caixas de Pandora como a epigenética, que mistura os hábitos e a cultura humana no caldo genético e a proteômica.[1]

Embarcando na marola que sobrou da onda de esperanças destroçadas, onda esta advinda da ambição pelo domínio do destino humano por meio da genética, ainda surgem aqueles que sonham com a manipulação do ser humano por meio da terapia com células-tronco.

Eis que lá vêm os abortistas em busca da mais nova desculpa para seus lucrativos abortos: utilizar as células-tronco embrionárias, muito mais poderosas do que as células-tronco adultas, para promover soluções ainda mais espetaculares.

No Brasil, o Supremo Tribunal Federal, em seu ativismo, legislou sobre a matéria, anunciando a legalidade de se pesquisar com embriões humanos, para o desgosto dos defensores da vida. Também não agradaram por completo os próprios abortistas, já que há clara orientação para não se produzir novos embriões destinados à pesquisa.

Isso tudo apesar de não haver evidências de que células-tronco embrionárias de fato possuam grandes vantagens sobre o uso de células-tronco adultas.[2]E ainda há relatos de que as células-tronco embrionárias sejam de difícil controle, já que podem causar câncer em seus receptores, dado o altíssimo potencial que encerram.[3]Por outro lado, há um grande investimento em uma nova técnica que permite a transformação de células adultas em células-tronco, são as Células-Tronco Humanas Pluripotentes Induzidas, repletas de possibilidades e com menores entraves morais.[4]Esta última técnica, que nos pouparia de grandes dúvidas acerca da moralidade em se destruir embriões humanos para pesquisar, surge em um contexto no qual a pesquisa em embriões não foi estimulada. A criatividade humana encontrou um caminho mais ético, enfim, recusando o atalho oferecido por incautos pesquisadores.

Surgem também nos dias de hoje as acusações feitas pelos abortistas de que os defensores da vida humana são retrógrados, inimigos da boa ciência que salva milhões de vidas, saudosos de uma vida medieval – como se medieval fosse algum tipo de xingamento horrendo.

Em periódicos de altíssima circulação, esfregam na cara dos defensores da vida humana que hoje milhões de pessoas de todas as idades se beneficiam das vacinas. Segundo os abortistas, é preciso ser coerente e honrar o fato de que grande parte dessas vacinas foram produzidas com a ajuda de células fetais obtidas em abortos. O que esses iluminados escritores de editoriais de revistas cientificas famosas não falam é que se pode recorrer a células fetais de abortos espontâneos e que não há compromisso ético algum em permanecer fazendo algo questionável moralmente só porque se obteve algo de positivo de uma prática antiética realizada no passado. De forma análoga, pode-se perceber o grau de estupidez dessa linha de raciocínio ao se propor o absurdo de prosseguir com as práticas nazistas de experimentos monstruosos em seres humanos só porque, no passado, de forma criminosa, algum nazista hipoteticamente descobriu algo que nos beneficiaria no presente. Não faz o menor sentido.[5]

Aliás, já que falamos em analogias e raciocínios estúpidos, cabe lembrar outro exemplo vergonhoso da argumentação abortista: o argumento do terrível prédio em chamas (ou seria o terrível argumento do prédio em chamas?).

Alguns abortistas utilizariam a seguinte situação hipotética: imagine que você está em um prédio, em meio a um terrível incêndio. Você tem a chance de salvar uma menina de cinco anos ou doze embriões congelados. Você ousaria salvar os embriões?

Michael Sandel, que propôs essa situação, utiliza isso contra a ideia de equivalência moral entre embriões e pessoas já paridas em seu livro Contra a Perfeição. Seu argumento é de que, como as pessoas de regra salvariam a menina, conclui-se que as pessoas de fato não acreditam que embriões são seres humanos.[6]Eis um verdadeiro exemplo de non sequitur.

A resposta é dada por Yuval Levin, que argumenta contra a conclusão de que embriões deveriam ser apenas material bruto para pesquisas. 

Ele reproduz a analogia da seguinte forma: imagine que você está em um prédio em chamas com sua esposa e um estranho. Se tiver que escolher, obviamente escolherá sua esposa para salvar em detrimento do estranho (ou, pelo menos, espera-se que a escolha). Ninguém poderia culpar o homem que salvou a sua esposa e não a um estranho. Disso não se concluiria de forma alguma que o estranho, que não foi salvo, era apenas material bruto para queimar ou destruir. Tampouco se concluiria que poderíamos sair por aí pegando estranhos para arrancar-lhe os órgãos para pesquisa, certo?[7]

Segundo Levin,

O problema, em outras palavras, está na aplicação da lógica de um prédio em chamas – a lógica da triagem e da emergência – para a vida cotidiana. Nosso mundo não é um prédio em chamas. Argumentar a favor disso, como foi sugerido no caso de pesquisas médicas moralmente controversas, seria negar a legitimidade de praticamente todos os limites éticos e morais sobre a ação, se tal ação fosse direcionada à resolução de uma emergência. E se nossa natureza humana ou condição mortal em si é a emergência, logo qualquer ação – qualquer meio – seria moralmente permissível para estender nossas vidas.[8]

Falando de embriões e de pesquisas antiéticas, o anúncio recente de que cientistas chineses comemoram a criação de dois bebês humanos editados geneticamente pela técnica CRISPR para que sejam imunes ao vírus do HIV desperta preocupação até mesmo em grandes entusiastas dos grandes avanços tecnológicos e do Transumanismo, como Julian Savulescu, que afirma com correção que 

Se for verdade, esta experiência é monstruosa. Os embriões eram saudáveis, sem doenças conhecidas. A edição genética em si é experimental e ainda está associada a mutações indesejadas, capazes de causar problemas genéticos em etapas iniciais e posteriores da vida, inclusive o desenvolvimento de câncer. (...) Esta experiência expõe crianças normais e saudáveis aos riscos da edição genética em troca de nenhum benefício necessário real. (...) contradiz décadas de consenso ético e diretrizes sobre a proteção dos participantes humanos em testes de pesquisa. [Os bebês resultantes dos testes de He, pesquisador chinês formado nos EUA] estão sendo usados como cobaias genéticas. Isso é uma roleta russa genética.[9]


O que se vê, na linha de argumentação abortista em prol do pretenso avanço da ciência, é o risco real e imediato de uma profunda desumanização do homem, instrumentalizando-o em prol de um avanço científico de forma irresponsável e, portanto, antiética. Em troca da imoralidade, oferecem-nos maravilhosas expectativas.

Desde quando se justifica praticar um ato com altíssimo risco de ser antiético em prol de um hipotético avanço do conhecimento humano? Pois a dúvida moral em si mesma, como obrigatoriamente acontece no caso de um ato irreversível como a edição genética ou um aborto, já aponta imediatamente a sua falha ética. 

Por fim, usar embriões humanos em pesquisas é a instrumentalização irreversível e antiética de alguns seres humanos em prol de outros, é a desvalorização da vida humana ao afirmar que ela nada ou pouco tem de especial, é dar a cara a tapa para a velha crítica posta por George Orwell em seu romance A Revolução dos Bichos: Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que outros...[10]




Hélio Angotti Neto é médico formado pela Universidade Federal do Espírito Santo com Residência Médica em Oftalmologia e Doutorado em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Atua como Professor e Coordenador do Curso de Medicina do Centro Universitário do Espírito Santo. É Presidente do Capítulo de História da Medicina da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (Triênio 2017-2020), membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e Delegado do Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo em Colatina (2018-2023). Foi Global Scholar do Center for Bioethics and Human Dignityda Trinity International Universityem 2016 (Illinois, USA) e é Diretor Editorial da Mirabilia Medicinae, publicação em Humanidades Médicas sediada no Institut d’Estudis Medievalsda Universidad Autónoma de Barcelona. Publicou os livros: A Morte da Medicina; A Tradição da Medicina; Disbioética Volume 1: Reflexões acerca de uma estranha ética; Disbioética Volume 2: Novas Reflexões Sobre uma Ética Estranha; Disbioética Volume 3: O Extermínio do Amanhã; Arte Médica: De Hipócrates a Cristo; além de diversos capítulos de livros e artigos em Oftalmologia, Bioética, Política e Humanidades Médicas. Criador e Coordenador do Seminário de Filosofia Aplicada à Medicina. É Presbítero da 3ª Igreja Presbiteriana de Colatina. Casado com Joana e pai de Arthur, Heitor e André.


[1]FANU, James Le. The Rise and Fall of Modern Medicine. New York: Basic Books, 2012.
[2]PEREIRA, Lygia da Veiga. Células-Tronco. Promessas e Realidades. São Paulo: Moderna, 2013.
[3]AMARIGLIO, Ninette; et al. ‘Donor-Derived Brain Tumor Following Neural Stem Cell Transplantation in an Ataxia Telangiectasia Patient’. InPLoS Medicine, 6(2), 2009.
[4]LEVIN, Yuval. ‘What Happened to Bioethics’. InThe New Atlantis. A Journal of Technology and Society, vol. 56, 2018, p. 92-98.
[5]Recomendo a leitura de meu artigo “Tudo é bom motivo para matar um bebezinho”, publicado em: ANGOTTI NETO, Hélio. Disbioética Volume II: Novas reflexões sobre os rumos de uma ética estranha. Brasília, DF: Monergismo, 2018.
[6]SANDEL, Michael J. Contra a Perfeição. Ética na era da engenharia genética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.
[7]LEVIN,op. cit., p. 93-94.
[8]Ibid., p. 94.
[9]LYI, Macarena Vidal. Cientistas chineses dizem ter criado os primeiros bebês geneticamente modificados. Os bebês, duas gêmeas, agora têm uma modificação que supostamente as protege contra o vírus da AIDS, segundo o geneticista He Jiankui. In:El PaísInternethttps://brasil.elpais.com/brasil/2018/11/26/ciencia/1543224768_174686.html?id_externo_rsoc=FB_BR_CM&fbclid=IwAR3DrSoMs3k7l-JcWbIcKzL5Ci2ozAne5BJgnI_uSZFiVgLo7LF7obAq50s
[10]ORWELL, George. A Revolução dos Bichos. Um conto de fadas. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.