sábado, 4 de agosto de 2018

ASCENSÃO E QUEDA DA ESQUERDA BRASILEIRA

DIALÉTICA, CONTRADIÇÃO E BURRICE - ASCENSÃO E QUEDA DA ESQUERDA BRASILEIRA

Uma análise relativamente rápida nos mostra um cenário em rápida evolução cultural.

No passado, a esquerda entrou nas cátedras universitárias e nas demais posições de influência na sociedade. Executaram com primor a marcha Gramsciana para dentro das instituições. Intelectuais orgânicos dedicaram suas vidas ao estudo e à estratégia. Foram muito bem sucedidos e suas táticas mostraram-se muito bem sucedidas.

Porém, havia um elemento contraditório que, inevitavelmente se mostraria problemático. Como Olavo de Carvalho aponta de forma magistral, nossa esquerda subia amparada intelectualmente por dois grandes nomes: Gramsci e Raimundo Faoro. Marcharam para dentro das instituições para controlá-las com o discurso e a justificativa de quebrar o velho e tosco patrimonialismo.

Só que eles se transformaram justamente na epítome patrimonialista, fisiológica, autoritária e burra de nossos tempos! Do casulo não saiu a borboleta, saiu uma larva ainda mais asquerosa e pegajosa. Ao entrar nas instituições, eles se transformaram no estamento superior de nossa sociedade. Eles eram os atores descritos por Faoro!

Acostumados ao poder, tornaram-se lenientes. Inseridos nos cargos administrativos e de chefia, utilizaram a força e a burocracia para promoverem sua agenda ideológica, e deixaram os cérebros para trás. A queda da inteligência, tão inevitável quanto a transformação em nova elite, começara. O livro O Imbecil Coletivo, do grande diagnosticador e filósofo brasileiro, gritou a plenos pulmões o ridículo da nova esquerda tupiniquim. 

Agora, observo a esquerda cair de podre. Inseridos no poder, não restou inteligência, tampouco o verniz de civilidade, somente os trejeitos da malandragem cômica da brasilidade marota. Mesmo ocupando os postos culturais e a mídia de massa, sua feiura moral e mental se revela a quem quer que abra os olhos. 

Destituídos dos meios estratégicos e intelectuais que efetivamente os levaram ao poder, apelam para os fraquíssimos chavões e vulgaridades que abundam nos canais de televisão e jornalecos que serviriam melhor para embrulhar fezes caninas largadas nas ruas. 

O gás intelectual da esquerda acabou. A maioria da população assiste constrangida ao show de horrores de uma cultura demolida, de uma inteligência decaída. As causas tornam-se cada vez mais excêntricas, cada vez mais apelativas e chocantes: abortismo, pedofilia, bandidolatria etc. Talvez seja um último esperneio tentando maquiar o profundo ridículo no qual se encontram, um truco final apostando na burrice universal, na cegueira absoluta daqueles que desejam manipular. Como a serpente (ou galinha) que perde a cabeça, seu corpo ainda se contorce, e ainda controlam os meios, mesmo que seus propósitos sejam absurdos e a inteligência que os levou até lá esteja morta.

Tolos mesmerizados repetem figuras de linguagem relativistas desacreditadas desde os tempos gregos antes do Cristo como se fossem elegantes formulações da alta filosofia. Cegos guiados por cegos. 

A maioria da população hoje é conservadora em costumes e relativamente liberal em termos econômicos. A juventude, todavia, em boa parte envenenada pelo discurso odiento da esquerda, destilado nos cursos de humanas, pode ser tentada a seguir o caminho mais fácil, o caminho da arbitrariedade, da violência e da falsa superioridade, mas até mesmo eles já despertam.

O risco talvez seja acreditar que a solução para a esquerda seja a ascensão da direita, seu mover o pêndulo para o outro lado. É um pensamento fácil e abstrato. Grotesco, eu diria. A solução para o cenário atual é adquirir inteligência, agir com bondade e cuidar do próximo que está a seu lado. 

Sim, eu estou à direita do espectro político, com forte tendência ao conservadorismo cultural e ao liberalismo econômico. Sim, eu considero esta a posição mais digna, moral e inteligente que existe neste momento. Contudo, utilizar isso como rótulo ou refúgio é ceder à cruel dialética das abstratas figuras de linguagem e aos reducionismos que atentam diretamente contra a boa filosofia e a inteligência. A esquerda caiu na própria dialética. Que não se faça o mesmo dos outros lados.

Hélio Angotti Neto