Matéria sobre a desprezível proposta do aborto pós-nascimento publicada no Blog da Vida do jornalista Jônatas Dias Lima, que encomendou uma breve entrevista sobre o tema.
Veja a matéria do nobre Jônatas Dias Lima em:
http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=1517204&tit=Pratica-do-aborto-pos-nascimento-ganha-defensores-no-meio-academico
domingo, 30 de novembro de 2014
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
Virtudes Médicas: Confiabilidade
Originalmente publicado no "Academia Médica" em: http://academiamedica.com.br/virtudes-medicas-confiabilidade/
Jean Hamburger, Médico francês e fundador da Nefrologia como especialidade médica.
Uma virtude central em toda
relação humana sem dúvida nenhuma é a confiabilidade[1].
Alain Peyrefitte já apontava o
valor que a confiança tem no caminhar de uma sociedade e qual o seu papel no
desenvolvimento: sem confiança não há ambiente para nenhum tipo de progresso,
somente há o caos[2].
Das relações de confiança que
perduram nas diferentes sociedades, uma das mais emblemáticas e complexas,
porém essencial, é a Relação Médico-Paciente. E parte dessa relação de
confiança é a crença na disposição alheia em contar a verdade.
O paciente busca o médico
confiando que, geralmente:
- O médico o informará se o
problema de saúde estiver acima de sua capacidade de resolução ou auxílio;
- O médico informará tudo o
que é importante saber acerca da condição de saúde;
- O médico informará as
melhores opções possíveis ao paciente, explicando cada uma e aconselhando se
preciso for;
- O médico não esconderá
informações intencionalmente ou, se o fizer considerando o bem do paciente, o
fará apenas de forma temporária.
Essa confiabilidade repousa
sobre outras características também essenciais ao médico.
A principal dessas características
é o espírito de benevolência junto com seu complemento indispensável: a não
maleficência. O médico porta-se de forma confiável sabendo que isso se traduz
num bem para seu paciente, e este bem envolve a comunicação da verdade e a
atuação sincera como elementos para a manutenção da integridade do paciente,
considerando acima de tudo a integridade como um elemento beneficente, e a
autonomia do paciente como um dos componentes da sua integridade.
Outra característica é o
autoconhecimento do médico, que deve verificar em sua consciência o que sabe, o
quanto sabe e com que fim sabe algo. Sem a noção adequada do próprio
conhecimento o médico age de forma imprudente (o contrário da grande virtude
médica: a prudência ou phronesis).
O médico utiliza a
confiabilidade em diversas situações. Comento acerca de duas situações.
Hoje em dia se fala muito
acerca do Testamento Vital, no qual o paciente deixa um relato de como quer ser
tratado próximo à sua morte. Cabe ao médico assistente fazer cumprir a vontade
de seu paciente mesmo na ausência de sua consciência por motivo de agravo à
saúde. O médico que recebeu a honrosa posição de protetor da vontade de seu
paciente deve zelar com honra, veracidade e extrema confiabilidade no momento
mais frágil da existência humana.
Uma situação mais comum na
realidade do médico brasileiro é o momento de comunicar más notícias, como o
diagnóstico de um câncer intratável ou a baixa expectativa de sobrevida num
paciente grave internado na Unidade de Tratamento Intensivo.
Alguns defendem que o médico
pode ocultar o diagnóstico ou o prognóstico para oferecer momentos mais
proveitosos ao paciente, para que se desfrute do resto da vida sem o peso da consciência
da morte. Tal postura de ocultação da verdade, porém, é uma armadilha.
Negar a realidade ao paciente
autônomo é negar-lhe o conhecimento necessário acerca de sua vida para que ele programe
de forma adequada suas prioridades. Se o diagnóstico e a informação do
prognóstico demorarem muito, tempo precioso pode ser perdido, e danos
irreversíveis podem ser acrescidos à situação já dramática do paciente.
Com isso não quero dizer que a
informação deve ser dada de qualquer forma e imediatamente. Daí a necessidade
de treinar os jovens médicos na arte de comunicar más notícias.
Jean Hamburger já avisava que
certas palavras não devem ser utilizadas, e que um resquício de esperança, por
menor que seja, nunca deve ser extirpado. Tais medidas temperam a
confiabilidade do médico com tratos humanísticos e empáticos ao sofrimento do
paciente[3].
Algumas dicas preciosas do
nefrologista Jean Hamburger:
1 – O ponto primordial é a
formação da relação com o paciente;
2 – Não basta se apoiar
somente no instinto e no amor ao próximo (há formas adequadas de executar ações
em saúde);
3 – Entender reações
psicológicas do paciente;
4 – Utilizar auxílio,
informação e conforto como instrumentos terapêuticos;
5 – Não utilizar palavras com
forte conteúdo emotivo negativo como: morte, lepra, câncer, coma ou autópsia
(ou fazê-lo de forma gradual e empática);
6 – Explicar tudo ao paciente
e jamais, jamais mentir;
7 – A explicação de cada ato
praticado reduz o desconforto e a dor;
8 – Jamais anunciar uma doença
como absolutamente incurável ou intratável; permitir um mínimo de esperança.
O último conselho poderia ser
questionado, mas o fato real é que inúmeras pesquisas acontecem todos os dias
buscando soluções e alívio para doenças ainda incuráveis ou intratáveis, e a
esperança de alguma novidade sempre existe.
Até mesmo as situações mais
corriqueiras do cotidiano médico exigem confiabilidade.
Ao solicitar exames para
diagnosticar determinada condição de saúde do paciente, o médico precisa ser
claro e veraz em suas suspeitas, e informar ao paciente sobre as repercussões
do diagnóstico. Ao realizar o diagnóstico, o médico precisa informar ao
paciente o prognóstico de acordo com as diferentes formas de tratamento
adotadas.
O paciente precisa acreditar
que o médico é confiável e benevolente, ou jamais confiará no plano terapêutico
prescrito. E é preciso lembrar que o médico é buscado em uma situação extrema,
na qual o paciente se encontra frágil, assustado e disposto a entregar, muitas
vezes, grande parcela de sua autonomia em mãos de outrem, em quem deposita
grandes esperanças.
Cabe ao médico avaliar de
forma verdadeira a esperança nele depositada e agir de acordo.
Interesses discretos ou
ocultos não cabem numa Relação Médico-Paciente saudável. O médico precisa ser
bem claro e confiável até mesmo em relações entre profissionais, como apresentações
acadêmicas nos congressos, informando possíveis interações com laboratórios e
verbas recebidas de fontes privadas ou públicas. A confiabilidade também é
crucial nas passagens de plantão, nas quais a informação transmitida poderá
auxiliar a salvar vidas e ganhar tempo.
Sem confiabilidade, a Medicina
gerará somente desconfiança e hostilidade. Não está em jogo somente o nome do
médico, mas toda a confiabilidade da sociedade na Medicina e a percepção dessa
antiga profissão como empreendimento honrado.
[1] PELLEGRINO, Edmund D.; THOMASMA,
David C. The Virtues in Medical Practice. New York, NY: Oxford University
Press, 1993, p. 65-78.
[2] PEYREFITTE, Alain. La societe de
confiance: Essai sur les origines et la nature du developpement. France:
Editions O. Jacob, 1995.
[3] HAMBURGER, Jean. Conseils aux étudiants en médicine dans mon
service. Paris: Flammarion; 1963.
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
Breve Entrevista: Aborto Pós-Nascimento
Breve entrevista escrita cedida ao jornalista Jônatas Dias Lima, da Gazeta do Povo, do Grupo Paranaense de Comunicação.
Mesmo do ponto de vista jurídico, a sugestão de tal situação é criminosa por princípio, considerando o Pacto de San José da Costa Rica - possuidor de força constitucional no Brasil - que define como pessoa e ser humano digno de direitos o ser vivo desde sua concepção.
1) Por que o aborto pós-nascimento não pode ser considerado uma opção moralmente aceitável?
O aborto pós-nascimento é um eufemismo para o homicídio infantil institucionalizado. É o assassinato de crianças. Liberar tal atrocidade e destinar o médico a realizar tais procedimentos é abrir mão da vida, do futuro de nossos filhos e da medicina como profissão defensora da vida e da dignidade do ser humano. Seria uma tragédia civilizacional causada por uma virada de valores.
Mesmo do ponto de vista jurídico, a sugestão de tal situação é criminosa por princípio, considerando o Pacto de San José da Costa Rica - possuidor de força constitucional no Brasil - que define como pessoa e ser humano digno de direitos o ser vivo desde sua concepção.
A medicina já se permitiu não defender a vida e a dignidade do ser humano, e tragédias horrorosas acometeram povos inteiros. O exemplo da medicina nazista realizando experimentos cruéis em judeus e da medicina soviética prendendo inimigos do Estado em hospícios sob acusação de loucura parecem ter ficado no passado, mas são um aviso constante do perigo que nos ronda.
2) Baseado em sua experiência e observação na área acadêmica, o apoio a esse tipo de visão tem crescido? Se sim, por que?
Sim, o apoio a tal visão deturpada da realidade e da vida humana tem crescido, na maioria das vezes, por manipulação psicológica e linguística. O que assistimos é a troca de uma cultura que valoriza e dignifica a vida por uma outra cultura relativista que eleva o prazer ao status de bem máximo alcançável da humanidade. Os artifícios para eclodir tal mutação de valores civilizacionais normalmente são sutis e começam na academia, lentamente "descendo" à discussão pública. Uma tentativa de dar resposta foi oferecida no livro "A Morte da Medicina", publicado pela VIDE Editorial em 2014.
3) Que tipo de consequência prática o legitimação acadêmica do infanticídio poderia trazer à sociedade?
Antes de qualquer outra coisa, é preciso lembrar que infanticídio é o ato no qual a mãe, tomada por um distúrbio psiquiátrico grave, mata o bebê sem total consciência de seu ato. O que se trata aqui é do homicídio infantil permitido pelo Estado (O artigo 123 do Código Penal caracteriza o crime de infanticídio como o ato de matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho durante o parto ou logo após. - http://athilabezerra. jusbrasil.com.br/artigos/ 111884551/infanticidio-no- direito-penal-brasileiro ).
Para se imaginar o que a legalização do homicídio infantil traria à sociedade, precisamos imaginar o que seria uma medicina capaz de matar e treinada para tal. Também precisamos encarar de frente as razões que levariam pessoas a matarem seus filhos, e as graves consequências psicológicas e existenciais derivadas de tal situação.
A banalização de tais práticas e sua legalização, ou até mesmo sua imposição pelo governo, causariam repercussões difíceis de se imaginar em larga escala de ação e tempo. A desvalorização da vida dos fetos levou à desvalorização da vida dos bebês, e que levará talvez à desvalorização da vida de adultos com demência, ou quem sabe, de grupos socialmente indesejáveis. É o que chamamos de argumento da ladeira escorregadia: dá-se um passo e há o risco de se escorregar muito além do que se desejava avançar. Muitos criticam o uso da "ladeira escorregadia", mas é fato que as piores atrocidades começaram com simples ideias e atos aparentemente pouco perigosos.
Pessoalmente considero o passo de legalizar a monstruosidade do homicídio infantil uma abominação moral e uma total relativização do valor da vida. E uma vez aceito, poderá nos levar a situações extremamente perigosas à civilização e às nossas famílias. É um ato autodestrutivo e indigno do estado atual dos direitos humanos que conseguimos alcançar após tantas tragédias sofridas nos últimos séculos.
terça-feira, 4 de novembro de 2014
Em 2015: Formação Política para Profissionais da Saúde
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