sábado, 19 de setembro de 2015

A RECEITA DO SEFAM

A RECEITA DO SEFAM



Lendo o livro "O Que É Conservadorismo", de Roger Scruton, com tradução de Guilherme Ferreira Araújo e prefácio do Bruno Garschagen, vejo duas características básicas do SEFAM descritas de forma bem explícita.

A primeira característica é a motivação para qualquer um que busca o SEFAM:

"Da mesma forma, as pessoas vão obter educação somente se elas a desejarem por seu próprio fim, mas conseguirão bem mais do que isso. Elas vão adquirir a habilidade de se comunicar, de persuadir, de atrair e de dominar. Em qualquer arranjo social, tais capacidades serão vantagens, mas a educação nunca pode ser buscada somente como meios para elas, mesmo se são sua consequência natural."

E a segunda é a percepção de que o SEFAM é sim um empreendimento elitista no sentido intelectual e moral, ou pelo menos almeja ser com sinceridade. E oferece uma oportunidade singular e bem desigual para os que buscam as Humanidades Médicas, pois, como diria Roger Scruton, de forma irônica:

"A menos que tomemos as crianças de suas mães e cuidemos delas em granjas, a 'desigualdade de oportunidade' não poderia ser erradicada. E mesmo assim sua total total erradicação dependeria da remoção de uma parte do conhecimento natural da criança, digamos, sujeitando seu crânio a uma série de golpes repetitivos de martelo ou removendo porções de seu cérebro."

Sem dúvida nenhuma o objetivo do SEFAM é que os participantes sejam o mais diferente possível do meio que os circunda, e ainda mais diferentes entre si, partindo de um legado cultural comum que possibilitará alçar maiores vôos independentes. É uma oportunidade extremamente desigual, felizmente, e jamais poderia ser imposta.

Hélio Angotti Neto
Coordenador do SEFAM
Professor de Medicina e Coordenador do Curso de Medicina do UNESC