COMO ESTUDAR TANTO DE TUDO?
Recebo
muito esta pergunta. Ser cristão atuante, marido, pai de dois filhos pequenos,
médico, cirurgião, coordenador de curso, professor, pesquisador, editor e
autor, entre outras coisas e ler sempre entre cinquenta e oitenta livros por
ano nos últimos dez anos é um desafio e gera um pouco de curiosidade.
A
fórmula que funcionou para mim inclui diversos pontos.
Faço
o que gosto e faço aquilo em que acredito. Nisto encontro motivação imensa para
melhorar sempre e nuca retroceder.
Há técnicas para estudar. Procuro utilizá-las com as devidas adaptações.
Sempre
estudo algo e sempre estudo aquilo que desperta meu interesse ou que é
extremamente necessário para resolver um problema importante. Mesmo que sejam
dez escassos minutos de estudo, todo dia tenho que ler e absorver algo.
Mantenho
meu interesse por diversos assuntos ao mesmo tempo. Gosto de estudar
oftalmologia, medicina geral, epidemiologia, medicina baseada em evidências,
teologia, bioética, filosofia de forma geral, política, história e literatura.
Às vezes leio diversos livros aos poucos, todos ao mesmo tempo; às vezes
concentro minha atenção em uma leitura mais urgente. É incrível como as
conexões vão aparecendo aos poucos e como há, de fato, um crescimento
exponencial das relações culturais que passam a se mostrar nas mais diferentes
áreas do saber.
Acordo
cedo, leio um pouco, vou trabalhar, almoço quase sempre em casa – um dos luxos
de se morar no interior -, trabalho novamente, retorno ao lar, estudo mais um
pouco e produzo um pouco. No fim de semana, a rotina obviamente muda, com mais
presença no lar junto à família e, no domingo, leituras mais centradas em
filosofia e teologia e a convivência na Igreja, elemento importantíssimo.
Essa
rotina funciona, entremeada com imprevistos e algumas viagens, graças à esposa
maravilhosa que tenho. Seria impossível fazer o que faço sem o suporte amoroso
e paciente da Joana. A família é protagonista para uma vida de estudos
saudável.
Além
disso, algumas dicas cotidianas: desligue a televisão, desista de novelas e
outras banalidades, leia diretamente nas fontes de confiança as notícias de que
você precisa para se manter atualizado (sem Fake
News, não há tempo a perder). Aproveite o seu tempo compreendendo o quão é precioso
cada momento.
William
Osler, famoso médico anglófono, já preconizava leituras indispensáveis que
deveriam habitar a cabeceira de um bom médico ou estudante de medicina. A boa
leitura e a presença real junto ao paciente oferecem oportunidades valiosíssimas
para amadurecer e crescer intelectualmente e em termos pessoais.
Hélio Angotti Neto
16 de setembro de 2017