O Relato do Rei dos Abortos
Bernard Nathanson, o rei do
aborto, descreve sua trajetória pessoal no livro “The Hand of God: A Journey
from Death to Life by the Abortion doctor Who Changed His Mind”, publicado pela
Regnery Publishing Inc.[1]
Como
todas as melhores narrativas autobiográficas presentes em nossa civilização, Nathanson
inicia olhando para as próprias trevas. Não foi diferente com o Apóstolo Paulo,
Agostinho de Hipona ou Dante Alighieri. Estes estabeleceram modelos ao redor da
mesma fórmula de sinceridade plena consigo mesmo, aquele foi capaz de
identificar o mesmo modelo em sua própria vida. E profundas trevas de fato
foram vasculhadas em seu livro.
Bernard
foi um judeu secular filho de judeus seculares. Começou cedo sua história com o
aborto, encaminhando com a ajuda de seu pai a sua namorada para que abortasse
seu primeiro filho. Já adiante na carreira, ele mesmo fez o aborto de seu outro
filho, de uma forma metódica e muita higiênica, quase como a dos proficientes médicos
nazistas que exterminavam milhões.
Seu
papel na legalização do aborto foi importante, e sua atuação chefiando clínicas
de aborto ou fazendo ele mesmo os abortos impressiona. Mais de 75.000 vidas
foram tiradas por Bernard Nathanson. Ele era eficiente no que fazia e se
destacava, numa época onde os médicos mais desqualificados já migravam para as
práticas abortistas.
É
claro que por anos atraiu a fúria e o desprezo de muitos médicos de linhagem
hipocrática e de defensores da vida humana.
Mas
as coisas começaram a mudar quando surgiu um impressionante aparelho: a
ultrassonografia! Ao observar as reações do feto no momento em que o mesmo era
destruído pela sucção, Nathanson parou de viver na abstração de seu próprio mal
e percebeu concretamente a extensão do mal que praticava. Ali estava uma vida
sendo destruída, ao vivo, na televisão! E não somente ele, mas outros médicos
abortistas nunca mais ousaram eliminar vidas humanas depois de assistir ao que
realmente acontecia dentro do útero materno.
O
rei do aborto começara a questionar a si mesmo. Abandonou suas práticas
anteriores e tornou-se membro do movimento Pró-Vida americano, angariando para
si o ódio e a inimizade de incontáveis médicos e pessoas que agora defendiam o “Direito
de Escolha”.
Produziu dois documentários impactantes que, obviamente, nunca chegaram à grande mídia, mas que transformaram a forma pela qual muitas pessoas enxergavam essa questão: The Silent Scream (O Grito Silencioso) e The Eclipse of Reason (O Eclipse da Razão).
Produziu dois documentários impactantes que, obviamente, nunca chegaram à grande mídia, mas que transformaram a forma pela qual muitas pessoas enxergavam essa questão: The Silent Scream (O Grito Silencioso) e The Eclipse of Reason (O Eclipse da Razão).
Em
1987, Bernard recebeu uma carta de uma defensora do direito de escolher o
aborto que trabalhara para ele no passado. Ela contava que algo muito tenebroso
se passava na clínica onde ela trabalhava. Pedaços de bebês estavam sendo
vendidos! Hoje observamos quase que descrentes a Planned Parenthood vendendo
órgãos de bebês abortados num verdadeiro açougue humano e nos perguntamos como
chegamos aqui. Mas não há novidade na história. As promessas de tratamentos
milagrosos já abundavam à época, e ainda abundam, com efeitos colaterais e
decepções igualmente presentes em larga escala.
Nathanson
faz os cálculos macabros do que seria preciso para efetivar terapias com
células fetais, e o resultado impressiona pela quantidade de sangue humano
necessário para ações em larga escala realmente efetivas à sociedade.
E
a guerra entre abortistas e defensores da vida seguiu acirrada nos Estados
Unidos, incluindo alguns casos de tiroteio e violência contra médicos e
funcionários de clínicas de aborto. Foram poucos, mas trágicos. Porém, o que
mais impactou Bernard foi o exemplo da pacífica maioria que tinha a coragem de
suportar as piores humilhações e agressões dos radicais pelo direito de
decidir; a maioria que mantinha a resiliência ao lutar por algo que considerava
sagrado.
Movido
pelo exemplo ele se aprofundou no estudo da fé que movia aquelas pessoas, e ao
fim de uma longa e trágica vida encontrou seu caminho dentro do Cristianismo.
Das
profundezes do mais tenebroso inferno, repetindo o holocausto em diferentes
vítimas, Bernard Nathanson foi alçado a um diferente patamar e sofreu uma
impressionante virada em sua visão de mundo. Sua história culminando em sua sofrida transformação é um testemunho real do poder e do efeito do perdão na vida de alguém.
[1] NATHANSON, Bernard N. The Hand of
God: A Journey from Death to Life by the Abortion Doctor Who Changed His Mind. Washington,
DC: Regnery Publishing, Inc., 1996.