Lembro de um dia há alguns anos, ainda no primeiro ciclo bianual do SEFAM, no qual dois alunos vieram a convite numa de nossas reuniões. Foram chamados por uma veterana no programa.
Estávamos a discutir técnicas de narração e estilos literários, com o objetivo de que cada aluno fosse capaz de relatar uma experiência sua com um paciente. Os alunos que vieram sem o conhecimento prévio estranharam muito a atividade. Eu também estranharia. era aula de redação ou aula de medicina?
Mas os participantes de longa data foram capazes de escrever excelentes e emocionantes narrativas.
Algo que descobrimos durante o curso é a capacidade de catarse que a escrita ou a transmissão oral possuem. Conta-se uma história, vive-se novamente a experiência original com novas reflexões e amplifica-se as possibilidades intelectuais e emocionais geradas pela situação clínica inicial.
A escrita médica na forma de narrativa e a leitura de várias narrativas são poderosos instrumentos de enriquecimento do imaginário e de formação humanística. Vejo o vídeo "Por que Médicos Escrevem: encontrando humanidade na medicina" e reforço minha impressão inicial.
Todos deveríamos ter um diário de bordo, com histórias de nossas vidas e da vida de nossos pacientes.
Confira o documentário: https://www.kbprods.com/portfolio/why-doctors-write/