segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Profissão Médica (James Drane)

James Drane foi um dos precursores da Bioética na América Latina. 

Em seu capítulo, escrito para o livro "Bioética na Íbero-América: Histórias e Perspectivas", organizado por Leo Pessini e Christian de Paul de Barchifontaine - ambos famosos bioeticistas no Brasil e no mundo -, ele identifica com muita propriedade o problema gerado pela abandono da tradição hipocrática e pelo abandono da noção de profissionalismo entre os médicos.



Na tradição hipocrática e em sua evolução durante os tempos de cristianismo está o coração da verdadeira medicina enquanto profissão, isto é, instituição que professor valores publicamente. Drane enumera algumas características básicas de uma profissão:

1. Fornecem serviços públicos essenciais para o bem dos outros.

2. Considera uma vocação, um dom, e não somente um trabalho, aspirar e prestar um serviço público profissional.

3. Um prolongado treinamento universitário especializado é um pré-requisito para entrar na profissão. A educação universitária envolve tanto compreensão teórica como treinamento prático.

4. A permissão para entrada na profissão passa por uma licença: deve-se ter uma licença própria para praticar uma profissão.

5. Os comitês de admissão e licenciamento são constituídos por membros da profissão.

6. As leis referentes à profissão são idealmente influenciadas pela profissão.

7. Aqueles que pagam por serviços profissionais não podem controlar ou ter autoridade sobre aquilo que é determinado.

8. As profissões gozam de autonomia na execução de serviços.

9. Os profissionais elaboram seus próprios códigos de ética e os padrões da prática.

10. As profissões trabalham de acordo com regras éticas objetivas e com atitudes subjetivas virtuosas dos praticantes.

Drane afirma que a autonomia profissional está sob ameaça. Ele está certíssimo.



PESSINI, Leo; BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de. Bioética na Ibero-América: História e Perspectivas. São Paulo: Centro Universitário São Camilo & Edições Loyola, 2007.