Princípio XV – A Defesa Profissional
XV
- O médico será solidário com os movimentos de defesa da dignidade
profissional, seja por remuneração digna e justa, seja por condições de
trabalho compatíveis com o exercício ético-profissional da Medicina e seu
aprimoramento técnico-científico.
Este
princípio lida com algo muito maior do que uma simples ambição por melhores
salários para viver com conforto, uma típica acusação das almas mais medíocres.
A
medicina é cara e se desenvolve ao custo de alta tecnologia em prol do
paciente. O conhecimento médico é virtualmente infinito, assim como são
infinitas as possibilidades humanas, e adquiri-lo e mantê-lo atualizado também
é caro. Para que haja o aprimoramento técnico-científico constante, o médico
precisa ganhar bem, isto é, ganhar o suficiente para buscar ser e fazer o
melhor.
Quanto
ao uso da tecnologia, realmente o médico tornou-se capaz de executar
maravilhas, porém nada substituiu o raciocínio clínico e a sua intuição. Isso
não quer dizer que o profissional possa abrir mão dos melhores aparelhos e do
uso das melhores próteses em seus procedimentos.
Ouso
ir um pouco adiante e afirmar também que o médico precisa ganhar o suficiente
para que viva bem em harmonia com sua família, para que possa adentrar seu
consultório ou o hospital plenamente capaz de preocupar-se com o paciente à sua
frente, sabendo que deixou em casa uma situação estável. Claro que esta
recomendação só funciona ao lado da recomendação para que o médico exercite a
virtude da temperança.
O
movimento de defesa da dignidade médica pode ser observado, por exemplo, em
casos de greves, o que poderá ser discutido adiante. Uma ação política como a
votação do Ato Médico, também pode ser considerada como um movimento em defesa
da dignidade médica.
No
caso da votação do Ato Médico, transpareceu todo o ódio devotado aos médicos
por diversos membros da elite política de esquerda radical do Brasil, o que
causou preocupação com o futuro da saúde brasileira. Num ato maquiavélico de
alguns líderes, representantes profissionais de outras áreas da saúde como
enfermagem e psicologia foram treinados e cooptados para, na votação do Ato
Médico, dirigirem ofensas à classe médica como um todo, apoiados por alguns
políticos energúmenos que afirmavam ser a doença uma invenção do médico para
lucrar.
Talvez
o mais importante a ser feito para a defesa da honra dos médicos no momento
seja uma ação cultural difusa, aliada ao aprimoramento da formação humanística
do médico, pois o médico hoje se encontra desafiado pelo uso ideológico do ódio
por pessoas que pouco se preocupam com a saúde do povo brasileiro.[1]
Nesta ação cultural, o profissional precisa resgatar sua identidade e
reforçá-la, mostrando que ainda vive o ideal hipocrático de beneficência.
[1]
Sobre o uso ideológico do ódio, recomendo com veemência o livro do romeno
Gabriel Liiceanu. LIICEANU, Gabriel. Campinas: Vide Editorial, 2015.