quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

DEFESA PROFISSIONAL - 15º PRINCÍPIO DO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA

Princípio XV – A Defesa Profissional



XV - O médico será solidário com os movimentos de defesa da dignidade profissional, seja por remuneração digna e justa, seja por condições de trabalho compatíveis com o exercício ético-profissional da Medicina e seu aprimoramento técnico-científico.

Este princípio lida com algo muito maior do que uma simples ambição por melhores salários para viver com conforto, uma típica acusação das almas mais medíocres.

A medicina é cara e se desenvolve ao custo de alta tecnologia em prol do paciente. O conhecimento médico é virtualmente infinito, assim como são infinitas as possibilidades humanas, e adquiri-lo e mantê-lo atualizado também é caro. Para que haja o aprimoramento técnico-científico constante, o médico precisa ganhar bem, isto é, ganhar o suficiente para buscar ser e fazer o melhor.

Quanto ao uso da tecnologia, realmente o médico tornou-se capaz de executar maravilhas, porém nada substituiu o raciocínio clínico e a sua intuição. Isso não quer dizer que o profissional possa abrir mão dos melhores aparelhos e do uso das melhores próteses em seus procedimentos.

Ouso ir um pouco adiante e afirmar também que o médico precisa ganhar o suficiente para que viva bem em harmonia com sua família, para que possa adentrar seu consultório ou o hospital plenamente capaz de preocupar-se com o paciente à sua frente, sabendo que deixou em casa uma situação estável. Claro que esta recomendação só funciona ao lado da recomendação para que o médico exercite a virtude da temperança.

O movimento de defesa da dignidade médica pode ser observado, por exemplo, em casos de greves, o que poderá ser discutido adiante. Uma ação política como a votação do Ato Médico, também pode ser considerada como um movimento em defesa da dignidade médica.

No caso da votação do Ato Médico, transpareceu todo o ódio devotado aos médicos por diversos membros da elite política de esquerda radical do Brasil, o que causou preocupação com o futuro da saúde brasileira. Num ato maquiavélico de alguns líderes, representantes profissionais de outras áreas da saúde como enfermagem e psicologia foram treinados e cooptados para, na votação do Ato Médico, dirigirem ofensas à classe médica como um todo, apoiados por alguns políticos energúmenos que afirmavam ser a doença uma invenção do médico para lucrar.

Talvez o mais importante a ser feito para a defesa da honra dos médicos no momento seja uma ação cultural difusa, aliada ao aprimoramento da formação humanística do médico, pois o médico hoje se encontra desafiado pelo uso ideológico do ódio por pessoas que pouco se preocupam com a saúde do povo brasileiro.[1] Nesta ação cultural, o profissional precisa resgatar sua identidade e reforçá-la, mostrando que ainda vive o ideal hipocrático de beneficência.



[1] Sobre o uso ideológico do ódio, recomendo com veemência o livro do romeno Gabriel Liiceanu. LIICEANU, Gabriel. Campinas: Vide Editorial, 2015.