Princípio XIV – O Médico Vive em Sociedade
XIV
- O médico empenhar-se-á em melhorar os padrões dos serviços médicos e em
assumir sua responsabilidade em relação à saúde pública, à educação sanitária e
à legislação referente à saúde.
O
princípio se inicia com o compromisso em manter o nível de excelência, isto é,
permanecer em constante aperfeiçoamento da qualidade. Ao médico não é permitida
a leniência ou o descaso. Deve sentir-se responsável pela saúde da comunidade
onde habita e, em tempos globalizados, com a saúde geral.
Não
basta o aspecto assistencial. O médico também deve atentar à educação da
sociedade e à análise das leis que regem os cuidados com saúde, cumprindo uma
vocação a ser também o guardião tanto de seu paciente individual quanto do
restante das pessoas.
A
participação política é mais do que desejável, é obrigatória para o médico.
Deve ocupar as instâncias que discutem a saúde brasileira e exercer papel
efetivo de líder em seus postos de trabalho. Ideal quase utópico em nossos dias
de alienação do profissional da saúde. Os grandes exemplos de médico muitas
vezes se trancam em seus consultórios enquanto aqueles que optam pela
participação política são apontados como aqueles que “desistiram” de serem
médicos. Nada poderia mostrar de forma tão evidente a completa alienação da
classe como um todo, e nada poderia apontar de forma tão clara para a
necessidade de adquirir uma formação humanística de qualidade para que a ação
política ocorra de forma verdadeira e responsável.
Por
meio da participação política, o médico pode trabalhar em prol da melhoria das
condições de assistência à população, assim como pode efetivar medidas de
educação em saúde e promover a prevenção de diversas doenças ou sua detecção
precoce. Poderá também exercer influência positiva ao indicar obras e medidas
necessárias para elevar o padrão de vida das pessoas e, consequentemente, sua
saúde.
Na
concepção dos gregos antigos, o objetivo do esforço pedagógico era formar um
cidadão maduro, o Spoudaios. Para ser
um cidadão efetivo, deve o médico ser capaz de atuar em todas as instâncias de
sua comunidade de forma proativa, desde as medidas isoladas às ações coletivas
e legislações em saúde.
A
sociedade espera de seu médico um guardião, um verdadeiro agente beneficente,
capaz de fazer a diferença. O médico não tem o direito de negligenciar ou
desacreditar essa valiosa confiança, sob o risco de destruir a honra da
profissão e prejudicar diretamente seu paciente.