XII. Atuação junto à vida laboral do paciente
XII
- O médico empenhar-se-á pela melhor adequação do trabalho ao ser humano, pela
eliminação e pelo controle dos riscos à saúde inerentes às atividades laborais.
A
capacidade de trabalhar é elemento indispensável à vida saudável e de boa
qualidade do cidadão comum. Prevenir acidentes no trabalho e condições de
insalubridade é crucial para permitir vidas mais longas e plenas. Ao médico
cabe a identificação de riscos e a orientação quanto a medidas capazes de
prevenir problemas, desde o uso de protetores de orelha em ambientes com alto
nível de ruído até ao uso de máscaras em minas.
Cabe
também ao médico o tratamento de agravos à saúde decorrentes de ações laborais
e a reabilitação do paciente, se possível.
Embora
o cuidado necessário com o paciente seja bem claro neste princípio, resta
verificar se o médico cuida do próprio ambiente de trabalho. Médicos estão
expostos a microrganismos – e expõem suas famílias indiretamente – e a
condições de trabalho muitas vezes inadequadas.
O
risco pode ser físico, psíquico ou social.
Riscos
físicos incluem contaminação por agentes biológicos em acidentes pérfuro-cortantes
ou por contaminação no manuseio de pacientes, instrumentos e ambientes
hospitalares. Há risco de contrair uma doença infectocontagiosa capaz até mesmo
de matar.
Riscos
psíquicos – e físicos, ao mesmo tempo - incluem trabalhar por longas horas em
ambientes inadequados e sob uma alta carga de estresse emocional, com a
possibilidade de desenvolver a síndrome conhecida pelo nome de Burn Out. Depressão é outra
possibilidade, ao lidar com uma realidade injusta que castiga os pacientes e os
médicos que lutam para ajudá-los.
O
risco social inclui a perda da honra, e até mesmo da integridade física, ao
trabalhar em locais desestruturados que acabam por gerar fúria na comunidade
local. O médico funciona como excelente bode expiatório para falhas
administrativas de instâncias superiores da administração pública, e se expõe
continuamente na “linha de frente”, junto ao paciente. O fato de que muitos
médicos apresentam comportamento reprovável também não colabora com a classe
profissional como um todo, no contexto em que elogios são sussurrados e maus
exemplos são anunciados aos gritos.
Embora
este princípio possa ser interpretado de forma mais específica, relacionados
somente à saúde do trabalhador que é paciente[1], a
interpretação que também se volta para a atividade laboral do profissional
médico é harmônica com o restante do Código, e deve ser lembrada.
[1]
Como em outras obras que também comentam o Código de Ética Médica. DANTAS,
Eduardo; COLTRI, Marcos. Op. cit.;
FRANÇA, Genival Veloso de. Op. cit., 2010.